Tutela militar mina a democracia

 


“Enquanto não enfrentarmos a questão militar, não vamos avançar.” A opinião é do politólogo (ele prefere ser definido assim a sociólogo), Sérgio Abranches (foto), autor do conceito “oresidencialismo de coalisão”, no Conversas com o Meio.

E mais: “Acho que o governo Lula não tem poder sobre as Forças Armadas”, assim como “ o Ministro da Defesa não tem autoridade nenhuma”. Perigo à vista...

Para ele, portanto, o cerne do 8 de janeiro partiu dos militares, que ainda lutam por um espaço que não lhes pertence. 

Abranches aponta o antigo problema, “de tratar os militares com luvas de pelica.” Ligado ao artigo 142 da Constituição, que eles interpretam como se fossem um poder moderador. Quando não são. E à politização da cúpula militar.

“As escolas militares educam os jovens com uma história falsa da revolução, de que havia ameaça comunista”, cita. Esse falso e velho pretexto já justificou, por exemplo, a instauração do Estado Novo por Getúlio Vargas (leia-se pelos militares que o apoiaram), com o Plano Cohen.

“Perdemos a oportunidade quando fizemos a anistia daquele jeito (perdoando os crimes cometidos pelos militares para também perdoar os que lutavam contra o regime), quando não fizemos uma Comissão da Verdade no momento correto e contemporizamos com tudo o que militar faz.”

Ao contrário do que se viu na Argentina e Chile, que por isso se libertaram de futuras ameaças de golpes militares.

“O Brasil nunca terá uma democracia sólida e civil enquanto não resolvermos o problema da tutela militar”, sustenta.

Sobre o caos do 8 de janeiro, ele lembra que Bolsonaro, o líder, estava fugido nos EUA e não havia comando de generais, enquanto financiadores e autores intelectuais deixaram a coisa acontecer. “Não havia liderança”.

 “A estratégia era fazer desordem para justificar uma intervenção posterior”, calcula.

Abranches crê na culpa de Ibaneis Rocha (que advogou a favor de G.A.J, playboy que participou do assassinato do índio Galdino) e que Anderson Torres deveria ser recebido com mandado de prisão preventiva (como de fato foi).

 “Não imagino que essa marcha tenha ocorrido em silêncio. O problema estava na cara, a inércia era deliberada.”

Já a conivência verde oliva ficou escancarada para ele. “O silêncio dos militares começa pela permissão ao acampamento pelos golpistas em área de segurança dos quartéis.”

Outro exemplo gritante foi a inação do centenário batalhão que fica no subsolo do Palácio do Planalto para protegê-lo.

Chega de vista grossa. É mais do que hora de punir os responsáveis por essas violentas ameaça à nossa democracia.

 

Comentários

  1. Militares brasileiros, deviam cuidar das fronteiras, proteger o país e deixar de se imiscuir em política. Todas as vezes que mandaram, foram pífios, para dizer o mínimo.

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  2. Carlito Alves
    Concordo plenamente mas é muito fácil de resolver só demitir os comandantes bolsanaristas e terroristas

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  3. Nely Wyse
    Sérgio Abrantes sabe tudo!
    Concordo com o que fala.

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  4. Eu vi um vídeo do Gen Heleno onde ele afirmava que se pode até ganhar uma eleição, mas isto não significa que se levará. Quer mais que isso para entender o golpismo latente?

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  5. Arnaldo Moreira
    O Sérgio Abranches disse tudo, aliás, o que nós já sabiamos e sabemos.

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  6. Jair Neves
    Tem toda Razão. Lugar de militares é no quartel. Em todo país democrático é assim..

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  7. Christina Castello
    Verdade, chega de “cerimônia” com o poder militar. O assunto é seríssimo!

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  8. Cristina Reis
    Realmente, o politólogo como quer se definido, fala de uma realidade que enfrentamos desde a Proclamação da República que começa com a derrubada da Monarquia que não foi feita pelo povo, e sim pelos militares. Se fomos analisar a história, os golpes institucionais vêm muito antes desde Pedro I. Logo no início, houve o Estado de Sítio do monarquista Deodoro da Fonseca, e depois que assumiu o vice Floriano Peixoto que derrubou o Deodoro para governar o Brasil com a mão de ferro. Veio a revolução de 1930, o Estado Novo, a deposição de Getúlio em 1945 e o Golpe de 64. É de praxe que as Forças Armadas têm esse vício há décadas que faz com que a nossa Democracia não se fortaleça, enquanto um Estado Democrático de Direito. O fio da espada sempre estará sob nas nossas cabeças, enquanto, o governo civil não enfrentar essa situação de frente a começar diminuindo a prepotência e arrogância deles de intimidar e de ameaçar todo o governo civil eleitos democraticamente. Bolsonaro é um caso a parte, até porque ele é alinhado aos militares e nunca foi Democrático.

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    1. Vc lembrou bem, começou pela queda da monarquia. Depois é uma sucessão de golpes...

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  9. Alcebiades Abel Filho
    O Brasil sempre teve politicos medrosos e juizes medrosos. Quando BOLSONARO exaltou no Congresso Nacional as qualidades do general USTRA devia ser imediatamente cassado. O general VILLAS-BOAS ccansou de fazer ameaças sem ser punido pelo Presidente da República. O ALEXANDRE DE MORAES tem sido um exemplo de coragem e cumprimento da lei e da ordem. Ordenou que todos os acampar fossem retirados de frente dos quartéis e assim foi feito. O LULA tem que pagar pra ver. Punir esses generais enquadrá-los na disciplina e colocar como MINISTRO DA DEFESA um General que seja do ramo que sabe lidar com esse território militar e tenha compromisso em dignificar as forças armadas de acordo com a Construção.

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