Golpe made in Brazil

 


Não se trata mais de uma fórmula “Como morrem as democracias”, com as instituições corroídas por dentro. Há sete anos o Brasil inaugurou uma nova forma de intervenção militar, conforme o artigo Brazil’s Stealth Military Intervention, do Journal of Politics in Latin America.

Segundo os autores, Karabekir Akkoyunlu, da FGV-SP, e José Antonio Lima, da USP, vivemos essa intervenção desde 2016. A partir desse ano, os fardados voltaram ao debate público e passaram a influenciar medidas judiciais e políticas.

Intervenção essa, furtiva, como descreve a Carta Capital. Generais ativistas passaram a conspirar para voltar ao centro da vida pública, com poder ainda maior que o da ditadura militar de 1964. Para isso, sequer infringiram leis, suspenderam a democracia ou derrubaram o governo.

É uma redefinição da política sem rupturas, ainda não analisada em modelos de golpes de Estado, como a de Steven Levitsky e Daniel Ziblatt, cujo exemplo foi visível na Hungria de Viktor Orbán. Ou na Venezuela de Chaves.

Os autores citam encontros de generais como Eduardo Villas Boas e Sérgio Etchegoyen com Michel Temer para planejar a vida política do país após o impeachment de Dilma Rousseff. Foi durante a gestão Temer, por sinal, que ocorreu a GLO no Rio, e alçou o general Braga Netto ao protagonismo.

Outro exemplo gritante foi o ultimato de Villas Boas ao STF (foto), que manteve Lula fora da disputa presidencial. 

Para germinar, o apetite militar precisa ser conjugado a uma longa crise sócio-política, que afete a confiança na democracia e busque no ativismo militar a solução.

Em nosso caso, o movimento achou uma luva no quesito movimentação de políticos em busca de pactos com militares: Bolsonaro foi o figurante perfeito para esse papel.  

Tudo o que seu viu após a indesejada posse de Lula foi a movimentação dos verde oliva para manter o status quo conquistado, sobretudo nos últimos quatro anos.

Os acampamentos nos quartéis, carros e ônibus incendiados, tentativa de bomba no aeroporto de Brasília e minuta de golpe que culminaram no 8 de janeiro.

Atos típicos dos milicos, velhos conhecidos, especialmente durante a luta da linha dura para se manter no poder nos estertores da ditadura, como foi no atentado do Riocentro ou nas bombas nas bancas de revista e na que matou a secretária da Ordem dos Advogados do Brasil, D. Lyda Moteiro.

Eles puseram as manguinhas de fora e inauguraram um inédito golpe, made in Brazil, que ainda precisa ser estudado.

Ainda em andamento. Todo cuidado é pouco.

Comentários

  1. Tania S. Bastos
    Esse comportamento infame do exército brasileiro é impensável em países com nível civilizatório elevado, exatamente o que esses fascistas tentam impedir.

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  2. Airton Genaro
    Pois é, o poder quando alcançado corroi a consciência e ignora tudo que não esteja dentro dos seus interesses...

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  3. Silvana Freire Freire
    Esse maluco junto com essas velharias de pijamas Heleno e outros com o pé na cova não irá destruir a nossa DEMOCRACIA!!!!!

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  4. Ronaldo Lippold
    Duas figuras patéticas na foto.

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  5. Carmen Pereira
    Precisamos que esses golpistas voltem pro esgoto. Viva a democracia!

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  6. Maria Alexandra
    criaturas nojentas e perigosas.

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  7. Luiz Carlos Tavares
    vegetal ambulante...kkkkkkkkkk

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  8. 5.572 acessos, 125 likes e 11 compartilhamentos no Linkedin

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  9. Edison Nobre Dalto
    Gente do mal, esse é o atraso do Brasil, os militares têm que cumprir somente seu papel, e só, se o único papel não conseguiram cumprir, pra que servem eles, teriam que ter protegido nosso patrimônio no dia 8 de janeiro.

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