Tese aponta danos da Lava Jato

 

Enquanto assistimos ao senador Sérgio Moro meio perdido, cogitando voltar a mudar de partido – o que reforça o vazio de sua candidatura ao Senado –, a pesquisadora Juliane Furno chega a conclusões devastadoras sobre a Lava Jato.

“O objetivo era destruir a economia brasileira para desgastar politicamente o governo do PT, porque a queda no PIB se refletiria nas eleições”, conclui, em sua tese de doutorado.

Como se sabe, a Lava Jato dominou a mídia em 2014, quando começou a força-tarefa para investigar crimes contra a Petrobras. Apesar de desvendar casos de corrupção, a operação já é alvo de muitas críticas, como as de Furno.

Para ela, o foco deixou de ser a corrupção propriamente dita e voltou-se ao combate aos setores da engenharia e da indústria que fornecem equipamentos para o setor de petróleo e gás.

Em palestra no Clube de Engenharia do Rio, a pesquisadora focou justamente nos prejuízos econômicos e políticos causados pela condução dada às investigações, sobretudo para atender interesses dos EUA.

Por isso, a operação foi muito mais dura contra as pessoas jurídicas, especialmente com as empresas nacionais de engenharia fornecedoras da Petrobras.

O que gerou uma forte perda de empregos no país. Também foi atacada a vocação da petrolífera em seus investimentos e no conteúdo nacional de suas compras.

 “A Lava Jato se insurge contra um setor que era carro-chefe da economia brasileira, sobre nossa maior empresa, que lida com o ativo mais cobiçado da geopolítica internacional.”

Assim, a operação prejudicava empresas que ganhavam obras tanto nos EUA quanto nos países vizinhos, sem acesso a crédito. “A operação assumiu um conteúdo de enfrentamento, ou de perda ou cerceamento das margens de manobra da soberania nacional e de outros países latino-americanos”, avalia a pesquisadora.

E isso agradava Washington.

O financiamento pelo BNDES para exportação de serviços de Engenharia também entrou na mira, por contrariar interesses norte-americanos. De 2003 a 2013, fornecedoras da Petrobras cresceram, geraram empregos e passaram a exportadoras. Quadro que se reverteu a partir de 2014.

Em dois anos essas fornecedoras fecharam 31% dos postos de trabalho. A Petrobras dispensou 240 mil terceirizados e 20 mil empregados próprios.

O fama de Moro começou a desabar com a Vaza a Jato, que expôs a suspeição entre os procuradores. Caiu de vez quando ele aceitou o Ministério da Justiça de Bolsonaro. E quem mais saiu perdendo foi o Brasil.