Viúva resgata obra de Bruno Pereira

 


Desde a morte brutal de Bruno Pereira (foto acima) e Dom Phillips no Vale do Javari, em 5 de junho de 2022, é a primeira vez que a viúva e antropóloga Beatriz Matos (foto abaixo) volta ao local onde se apaixonou pela floresta e pelo pai de seus dois filhos de 3 e 4 anos, com nomes indígenas.

Junto a representantes do governo e à viúva de Dom, Alessandra Sampaio.

A área reúne uma das maiores concentrações de povos isolados do Planeta.

Dessa vez, já como diretora do Departamento de Proteção Territorial e de Povos Isolados e de Recente Contato, cargo semelhante ao ocupado por Bruno na Funai.

Ela falou ontem ao site Sumaúma, no dia de sua viagem à região. Ainda não sabia como lidaria com as sensações, porém, sentia-se cheia de  “animação e esperança”.

Sabe que se o marido vivesse o cargo seria dele. “Penso então que é uma forma de manter Bruno vivo.” 

Melhor do que ninguém, Beatriz tem consciência de que o Vale do Javari – na fronteira com o Peru e a Colômbia – foi entregue ao crime organizado no governo Bolsonaro.

Bruno estava exonerado de seu cargo na Funai, após comandar uma operação contra o garimpo, e Dom pesquisava para seu livro “Como salvar a Amazônia”, quando ambos foram assassinados. Embora o suposto mandante e dois suspeitos de serem os autores estejam presos, o crime ainda está longe de ser totalmente elucidado.

Para ela, essa rápida viagem - porque não pode se afastar por muito tempo dos filhos - é uma garantia de que as forças de segurança do Estado vão proteger os indígenas.

“As pessoas que fizeram isso (o assassinato) precisam ser punidas dentro da lei. É muita crueldade você arrancar um pai de duas crianças pequenas e de uma filha passando agora da adolescência. O mais importante é que não se repita”, diz.

“Bolsonaro falou que eles não deviam estar no Vale do Javari porque teriam de andar com escolta armada. Como um presidente afirma isso sobre qualquer território que esteja sob a sua jurisdição?

“Eu pensava que o Bruno estava vivo, só tinha perdido o barco e estava esperando alguém passar, como já tinha acontecido. Aí os bandidos mostraram onde os tinham enterrado. Foi o dia em que eu realmente desabei”, lembra.

Nesse dia teve motociata em Belém. “Era foguete e festinha do Bolsonaro na rua. Parecia um pesadelo.” Precisa dizer mais alguma coisa?

Que Beatriz consiga fazer o que Bruno não conseguiu. E o governo Lula consiga recuperar a treva e abandono a que foram relegados os povos indígenas.

PS: Como é bom ver um presidente ser vacinado para abrir a nova campanha bivalente contra a Covid-19.  

 


 

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