A bomba de Tacla Duran

 

A grande mídia ignorou ( por que será?) e eu também não dei a devida importância. O depoimento de Rodrigo Tacla Duran (foto), ex-advogado da Odebrecht, ao juiz Eduardo Appio - herdeiro dos processos da Lava Jato – nesta segunda-feira (27) foi uma verdadeira bomba. Atômica.

Desde 2015 Tacla Duran candidatou-se a uma delação premiada, não aceita porque ele denunciou a extorsão de que foi alvo. E ainda acabou preso por meio ano e, quando saiu, foi para a Espanha, onde tem cidadania e está até hoje.

Sua nova ordem de prisão foi derrubada pelo juiz Appio, que o transformou em testemunha. Nessa condição ele denunciou, pela primeira vez, que o advogado Orlando Zucolotto – sócio de Rosângela, mulher de Moro – tentou extorqui-lo em US$ 5 milhões para reduzir sua pena/multa.

O dinheiro seria dividido entre outros, como Sérgio Moro e Deltan Dallagnol – denúncia confirmada por vídeos de Zucolotto em sua segunda tentativa, no Sindicato de Hotéis de São Paulo, do qual Tecla Duran era vice-presidente.

Dessa vez, Zucolotto foi acompanhado de Fabio Aguayo, cabo eleitoral de Moro em 2022, que o assessora no Senado com um salário de R$ 5 mil. Conforme Tacla Duran, a dupla de chantagistas tentou coagi-lo a contratar o ‘escritório de Moro’. Que na época ainda era juiz.

Após o depoimento, o juiz Appio - crítico do modus operandi da Lava Jato -, inseriu Tacla Duran no programa de Proteção à Testemunha. Precaução ao “poderio econômico e político” dos que ele tinha denunciado.

Assim, Moro e Dallagnol viram-se retratados, pela primeira vez, como perigosos bandidos pelo próprio Estado brasileiro. Passaram para o outro lado.

As denúncias de Tacla Duran estão sob análise do STF, pelo envolvimento de personagens com foro privilegiado. O relator do caso ainda será sorteado.

Mesmo sem considerar os próximos capítulos no STF, a reputação de Moro, Dallagnol e da Lava Jato foi duramente atingida e alimenta a versão de que os agentes formaram uma organização criminosa com vistas a um projeto de poder.

Dessa forma, destruíram milhares de empregos e empresas que eram pilares de desenvolvimento, além de perseguir o PT e de prender seu líder injustamente. Após se associar ao governo negacionista do adversário, Moro fez uso de sua bagagem política para ser eleito senador.

Essa história tem um fedor nauseabundo.