A volta da Cultura

 


Nesta última segunda-feira o Brasil foi inundado por uma luz que andava apagada há quatro anos. Criado em 1988 para estreitar os laços culturais entre os países lusófonos, o Prêmio Camões – o maior da língua portuguesa -, chegou finalmente às mãos de Chico Buarque.   

Já concedido a Rubem Fonseca, Mia Couto, José Saramago, João Cabral de Melo Neto, Raquel de Queiroz e Jorge Amado, entre outros, a honraria ao artista foi negada pelo capitão.

Assim como relegou nossa Cultura ao lixo.

Com uma rara gravata branca, Chico deu o seu recado: “Aquele governo foi derrotado nas urnas, mas nem por isso podemos nos distrair, pois a ameaça fascista persiste, no Brasil como um pouco por toda parte.

Reconforta-me lembrar que o ex-presidente teve a rara fineza de não sujar o diploma do meu Prêmio Camões, deixando seu espaço em branco para a assinatura do nosso presidente Lula.

Recebo este prêmio menos como uma honraria pessoal, e mais como um desagravo a tantos autores e artistas brasileiros humilhados e ofendidos nesses últimos anos de estupidez e obscurantismo.”

Visivelmente feliz com a oportunidade de consumar o fato obstruído pelos adjetivos citados acima por Chico, Lula deitou e rolou em seu discurso, com requintes de criatividade que arrancaram risos da plateia:  

“Eu queria ser compositor, eu queria ser cantor, eu queria escrever peças de teatro, eu queria fazer tudo o que você faz, inclusive escrever romances. Aí eu falei pra minha mãe que eu queria ser tudo isso.

Não meu filho, você não pode ser, porque já nasceu um menino dois anos mais velho que você, chamado Chico Buarque, que vai ser o mais importante. E eu então, há 75 anos, falei para minha mãe, e eu, o que vou ser?

Prepare, que você vai ser presidente. E aqui estou eu, presidente da República, e o Chico representando a cultura viva do nosso país. Você, mais do que ninguém, merece.”

Chico, o Brasil, os brasileiros e a democracia merecem.       

 

 

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