Mentiras sobre o PL da mentira

 

Chegam a ser bandeirosos os detratores do PL das Fake News – que deveria chamar-se regulação das plataformas digitais, como no resto do mundo, e será votado nesta terça-feira. São bolsonaristas e lavajatistas. Quase a mesma coisa.

Tanto assim que os aliados do capitão referem-se a ele como o “PL da Censura”, como se o objetivo da proposta fosse cercear a liberdade nas redes sociais. Passamos os últimos quatro anos engolindo falácias como a eficiência da cloroquina no tratamento da Covid-19, para citar um exemplo.

Com as ameaças às nossas crianças, graças ao poder de tão poucos - não eleitos - sobre tantos, como os Elon Musk (Twitter) e Pavel Durov (Telegram) da vida, não dá mais.

A última semana foi pródiga, com o deputado lavajatista Deltan Dallagnol – o mesmo do power point que incriminava Lula – disseminando nas redes que a regulação proibirá a publicação nas redes dos versículos bíblicos.

Mentira sobre o projeto da mentira.

Como se não fosse inconstitucional, do que ele sabe perfeitamente. O senador Eduardo Girão, autor do absurdo de levar um feto ao ministro Silvio Almeida, repetiu a mesma ladainha de Dallagnol. Claro que ambos são contra o projeto.

Afinal, a mentira virou meio de vida.       

“Uma criação espontânea silenciada sempre é sucedida por outra criação espontânea”, argumenta o filho Eduardo Bolsonaro, outro que vê no projeto uma ameaça à vida.

O que não falta a eles são razões para se opor. Afinal, o texto, entre outras coisas, prevê até três anos de prisão a quem divulgar ou promover desinformação. Por essas e outras, eles infestam as redes com a hashtag “Não ao PL 2630″.

Senti na pele a censura da ditadura militar no início da vida profissional, no Jornal do Brasil. Era algo asqueroso, começava pela política e chegava às raias do absurdo de proibir até informações sobre uma epidemia de meningite.

Sim, lidar com qualquer limitação à informação é delicado, porém, nesse momento não há outra alternativa. Tanto que além dos governistas e democratas, 11 entidades do setor de comunicação do país saíram em defesa do PL das Fake News.

A proposta tem de ser muito bem construída. Contudo, tornou-se indispensável.