Moro e Dallagnol, de heróis a vilões

 

Desde a Vaza Jato, o império de ética e moralidade erguido em torno do ex-juiz Sérgio Moro e do então procurador Deltan Dallagnol só fez desmoronar. O cargo no ministério da Justiça no governo do capitão seria a gota d’água.

Se fatos novos não continuassem a se suceder.

O mais recente foi a denúncia de extorsão sofrida da dupla pelo advogado da Odebrecht, Tacla Duran. Agora, chegou a vez do proprietário da empresa, Emílio Odebrecht, em seu livro de memórias publicado pela Topbooks.

No Estadão, o empresário acusa a força- tarefa de criar uma “fábrica de delações” para forjar provas. Ele relata blitz de madrugada nas celas dos executivos da construtora, em Curitiba, para forçar depoimentos por meio de humilhação.   

Era a tática para assegurar o fluxo de operações.

Como se sabe a operação prendeu Marcelo Odebrecht, filho do empresário e outros quatro diretores da construtora, então, a maior do país, que sofreu um apagão de contratos, bloqueio de recursos e fechamento de canteiros de obras.

O próprio Emílio foi condenado por lavagem de dinheiro. Chegou a assinar um acordo de delação premiada, ação que terminou anulada. Ele acusa Moro de forçar a barra com a versão do 'departamento de propina' da empresa. 

“O que existiu foi um sistema de geração de recursos não contabilizados, o popular ‘caixa 2′”.

“Não sejamos hipócritas: desde a invenção do capitalismo é comum empresa média ou grande manter pelo menos 1% de seu faturamento alocado. Não é certo, mas assim é, e serve para atender contingências inesperadas”, defende.

O caixa 2 era usado para pagamentos em espécie a fornecedores e contribuições a campanhas. “O encaminhamento dos inquéritos relacionados ao tal ‘departamento de propinas’ à Justiça eleitoral comprova que os ilícitos penais anunciados simplesmente não existiram”.

Para quem costuma ir a Petrópolis, como eu, a BR-040 – que liga Rio a Juiz de Fora – é um exemplo nítido dos nefastos efeitos da Lava Jato sobre a construção civil nacional.  

PS: Caros leitores, amanhã farei uma pausa. Terça estou de volta. Bom feriado!