Que vença a verdade

 

Talvez nunca uma CPI, que começa essa semana, nasceu tão controversa. Tudo começou com a convocação do deputado André Fernandes (PL-CE, foto): “Neste fim de semana acontecerá, na Praça dos Três Poderes, o primeiro ato contra o governo Lula. Estaremos lá!”, reproduziu o Portal Meio.

Fernandes chamava para o que terminou em quebra-quebra, no 8 de janeiro, ao qual ele não compareceu por “motivos pessoais”. Mesmo distante, comemorou devidamente nas redes os resultados do vandalismo.

Aliado do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o 03, Fernandes elegeu-se no Ceará pelas redes, repercutindo conteúdos do mentor. Ele motivou o ato antidemocrático e hoje defende a investigação sobre aquilo que ajudou a convocar. Por quê?

Para tentar inverter tudo e culpar o governo Lula de conivência com o golpismo. Eles fizeram o golpe, porém, as vítimas não são os alvos do golpe, e sim os arruaceiros que o promoveram. Mais absurdo impossível.

Quando a CNN – versão de Jovem Pan para adultos - vazou as imagens do general Gonçalves Dias - chefe do GSI e aliado de Lula - entre manifestantes, a oposição correu para abraçar a ideia dos “infiltrados governistas”. 

Defendiam que eram eles que estimulavam a baderna para incriminar inimigos do ex-presidente.

Detalhe: GDias garantiu à PF que orientava golpistas a descerem ao segundo andar do Planalto, onde seriam presos. Em seguida a seu depoimento, o ministro Alexandre de Moraes quebrou o sigilo das imagens da invasão ao Palácio do Planalto em posse do GSI. Determinou que a PF tome depoimentos de todos os agentes que estavam no dia dos atos.

Para os bolsonaristas, a demissão de GDias foi uma confissão de culpa. E justificativa irrefutável para a convocação da CPI, já admitida até pelo governo.

Para o cientista político Sérgio Abranches, “como bolsonaristas pouco se importam com procedimentos formais e fatos, estão interessados apenas em desinformação para inundar as redes, e levam vantagem nessa disputa de versões”.

 “O PT, por sua vez, sempre foi muito bom de CPI, especialmente quando está no ataque”, sustenta Abranches.

O duelo: de um lado, o bolsonarismo destila suas teorias conspiratórias. Do outro, se o governo conseguir preencher os cargos prioritários da CPI, poderá exumar mais esse golpismo em andamento. Que vença a verdade.