Com a corda no pescoço

 

Além de abandonar seus aliados ao léu, o capitão declarou ontem, após o silêncio do tenente-coronel Mauro Cid na PF, “Peço a Deus que ele não tenha errado”, sobre a falsificação dos carnês de vacina de sua própria família.

Em seu próprio depoimento à PF na última terça-feira, o inominável havia declarado que o ex-auxiliar arquitetou a fraude e a fez à sua revelia.

Vai ser cínico assim...

Se alguém ainda tinha dúvida, já tem a certeza de que o mi(n)to tem por hábito abandonar seus auxiliares.

Em remota tentativa de colaboração à PF, ontem Cid abriu mão de seu sigilo fiscal nos EUA. Só que a expectativa do ex-chefe era de que o auxiliar matasse a fraude no peito.

Segundo Andrea Sadi, o entorno do ex-presidente teme que o silêncio possa significar uma “mudança de rota” para uma delação premiada. Afinal, já houve um passo nesse sentido com a contratação de um advogado especializado em delação pelo pai do ex-faz tudo, o general Mauro Cesar Lorena Cid.

E se Cid continuar a engolir o jogo sujo, o mesmo pode não ocorrer no depoimento de sua mulher, Gabriela, hoje à PF.

Além de todos os processos que sofre no Brasil, o capitão também pode ser enquadrado pelo Tribunal de Haia em genocídio dos povos originários. Só que depois de iniciado o processo muitas águas continuaram a rolar.

O Estadão acaba de revelar que o governo anterior adquiriu 19 toneladas de bisteca para as cestas básicas das comunidades indígenas do Vale do Javari. Só que essas populações jamais viram a cor avermelhada da iguaria.

Para completar, entre 2020 e 2022, plena pandemia, o governo assinou contratos com a Funai de R$ 568,5 mil, destinados a comprar 5,5 mil alimentos. Tudo sem licitação.

E, em estupro aos saudáveis hábitos alimentares dos indígenas, foram gastos R$ 4,4 milhões na aquisição de sardinha em lata e de linguiça calabresa pela empresa neófita no ramo, cujo proprietário havia sido agraciado com o auxílio emergencial concedido durante a pandemia.

Tem mais. Além de ter sido comprada carne de pescoço de frango, algo duro e de difícil digestão, o governo anterior pagou R$ 260 pelo quilo. Sem licitação, claro. Como se sabe, esse tipo de carne é vendida a R$ 5 o quilo.

O fato é que a cada dia a situação do capitão só faz se enrolar. Vai ser muito difícil ele escapar ileso de tantas bombas...