Comissão da Anistia está de volta

 


Desde 2014, a Comissão Nacional da Verdade revelou que a ditadura militar deixou um saldo de 434 pessoas mortas ou desaparecidas em 21 anos. Agora, a presidente da Comissão de Anistia, Eneá de Stutz e Almeida (foto) contabiliza 50 mil brasileiros perseguidos durante os anos de chumbo.

Em entrevista ao Portal Metrópolis, Almeida esclarece que a informação surgiu a partir do cruzamento do número de pedidos de julgamento e da taxa de deferimento das solicitações que chegaram à comissão.

Vinculada ao Ministério de Direitos Humanos e Cidadania, a Comissão de Anistia, fundada em 2002, sofreu um retrocesso durante o último governo sob a gestão de Damares Alves, com brusca queda de integrantes e de receita.

O trabalho voltou à carga desde janeiro de 2023, com a atribuição de julgar casos de violência ligados ao regime militar no Brasil entre os anos de 1964 e 1985, como prisões arbitrárias e demissões por razões partidárias e políticas.

No momento estima-se que de 7 a 8 mil pedidos estejam na fila de espera para ser analisados.  

A equipe ainda lida com a herança de “terra arrasada” deixada pelo capitão, com 90% dos funcionários ligados à antiga gestão sem capacitação para acompanhar os casos.

“É um trabalho de formiguinha”, ela descreve.

“Queremos julgar 100 casos até o fim do ano, mas sabemos que, com o que temos, podemos não atingir essa meta. Agora é adiantar os planos para o próximo ano”, antecipa.

“Esquecer ou fingir que nada aconteceu no período da ditadura armou um bomba relógio, essa bomba explodiu no 8 de janeiro", argumentou ela no UOL.

Professora da Faculdade Direito da UNB, Eneá de Stutz Almeida é membro da organização desde 2009 e é a primeira mulher a presidir a Comissão de Anistia.

Seu objetivo é estabelecer um levantamento de todos os pedidos julgados e verificar quais foram os ilegalmente julgados. Assim, em paralelo a essa etapa, os integrantes vão julgar os pedidos ainda não submetidos a análise.

Como se sabe, é o tipo da iniciativa não tolerada pelos militares, cujo desejo foi acatado pelo ex-presidente nos últimos quatro anos. Agora, porém, a busca da verdade será inexorável e voltará a prevalecer. 

Doa a quem doer.

 

 

 


Comentários

  1. Os militares, os militares e os militares... tem que ter uma menção a eles em qualquer assunto da vida nacional. Até quando? Esses caras tem que fazer um exame de consciência total pois apoiar uma anta devastadora como o capitão expulso do exército por terrorismo foi uma ideia de jerico deles, que destruiu o passapanismo dos últimos trinta anos, ao longo dos quais a população estava quase convencida de que os militares se adequaram à democracia. Só que não...

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    1. Pois é, enquanto os ponteiros não forem acertados continuamos ameaçados

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  2. Carlos Alberto Baião

    Perdoar não é deixar impune. Investigar é pra punir, não só indenizar. Indenizar só, é punir o povo que paga impostos.

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  3. Zola Xavier Silveira
    Em Rondônia o exército, no golpe de 64, ocupou a sede da União Rondoniense dos Estudantes Secundaristas, onde funcionou também uma representação do Centro Popular de Cultura, o CPC da UNE e estão até os dias atuais.

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  4. Oseas Pacheco
    Tudo precisa ser esclarecido, sem temor nem pressões de militares ou de setores interessados em manter suas atrocidades sob sigilo. O ciclo da ditadura ainda não foi fechado, somente a verdadeira história será capaz de passar a limpo os acontecimentos e esclarecer a verdade sobre esse período obscuro de nossa História, até para que ela não mais se repita.

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