O ladrão se materializa

 

Ontem, quando festejávamos no hospital o nascimento da minha segunda neta, alguém de outra família comentou: “Não voto em ladrão”. Não era o ambiente para esse tipo de assunto, porém, foi o gancho para que eu emendasse:

“Segunda-feira, ao depor na PF, o ex-faz tudo, tenente-coronel Mauro Cid, afirmou que o capitão pediu a ele que tentasse recuperar as joias das Arábias detidas na Alfândega."

Essa pedido seria para o quê?

É o que já supúnhamos, agora com o aval de Cid. 

Como se sabe, no depoimento anterior à PF o ex-ajudante de ordens optou por ficar calado. Postura que assustou o inominável e seus asseclas, que passaram a temer uma traição do antigo aliado, com uma delação premiada.

Com o cinismo que lhe é peculiar, o ex-presidente tenta incutir uma falsa versão sobre a fraude das vacinas, espalhando que não esconde seu descontentamento por Cid ter agido sozinho na falsificação, queixando-se de uma “proatividade excessiva”, conforme a colunista Bela Megale.

Como já fez com o aliado Anderson Torres, a quem deixou apodrecer mais de cem dias na cadeia sem tomar nenhuma iniciativa que pudesse ajudá-lo (e que poderia acabar por dar bandeira sobre seu próprio envolvimento).

Só que o cinismo é incapaz de convencer seus investigadores. Após colher depoimentos e provas a PF (não mais aparelhada pelo ex-mandatário) já pode incriminá-lo por falsificação de documentos e pelo uso dos mesmos, segundo o colunista Guilherme Amado.

Na semana passada o ex-presidente negou em seu depoimento à PF que soubesse que seu ex-faz tudo estivesse fraudando seu comprovante de vacina.

O capitão argumentou nunca ter se vacinado – o que não o isentaria da falsificação – e que um presidente não precisa do documento para entrar nos EUA, como ele ainda era quando fugiu para lá, em 30 de dezembro.

Só que sem o cargo ele já não teria esse direito. Além disso, havia a especulação de que o mesmo deixaria os EUA direto para a Itália, onde tentava conseguir sua cidadania. Nesse caso, também seria impedido de se deslocar.

Ou seja, o cerco se fecha cada dia mais em torno do ex-presidente. O que é extensivo ao filho Carlos, pode voltar a feder para Flávio e também contamina a ex-primeira-dama.

Vai ser difícil a famiglia continuar enganando os otários, até essa pessoa, que disse não votar em ladrão...