A derrocada do rei Arthur

 

A chapa borbulha para o todo poderoso presidente da Câmara. Se desde o dia 1º de junho a situação de Arthur Lira já era delicada com a operação de busca e apreensão da PF – no desvio de R$ 8 milhões na compra de kits de robótica - com seus aliados, o bicho agora pegou de vez.

Segundo a Piauí, no endereço de Wanderson de Jesus – motorista do principal auxiliar de Lira, Luciano Cavalcante - foram encontradas 11 anotações a mão com o nome Arthur, acompanhadas de valores que somam cerca de R$ 265 mil.

Em 8 de abril passado, "Arthur" teria recebido R$ 20 mil, e no dia 17, R$ 3.652 para “Hotel Emiliano=Arthur”.Não por acaso, endereço nos Jardins onde o deputado tem se hospedado. Neste mesmo dia Lira embarcou num avião da FAB de Brasília para São Paulo.

Outra coincidência: "Djair" (Marcelino), que recebeu R$ 29.200 mil, é secretário parlamentar do gabinete de Lira, já denunciado pelo MPF num milionário esquema de rachadinha comandado pelo então deputado estadual na Assembleia Legislativa de Alagoas, em dezembro de 2020.  

Outra provável coincidência deve ter ocorrido em 29 de abril, quando foram destinados R$ 4,8 mil para “D.Ivonete”. A mãe de Lira chama-se Ivanete.

Com Wanderson de Jesus também foram encontrados papéis ligados ao caso dos kits de robótica, além de pouco mais de 150 mil reais e o manuscrito de recebimento por Lira de R$ 40 mil para quitar área agrária do Sr. Manoel Pacheco Filho e Joana Martins Pacheco.

“Toda a movimentação financeira e pagamentos de despesas do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, seja realizada por ele e, às vezes, por sua assessoria, tem origem nos seus ganhos como agropecuarista e da remuneração como deputado federal”, respondeu a assessoria do parlamentar.

Como desgraça pouca é bobagem, o Estadão revela que Sua Alteza emprega dez familiares em postos chave da CBTU. Os cargos na “estatal do Lira”, apelido da companhia em Brasília, geram R$ 128 mil em salários mensais ao grupo.

A CBTU administra os trens urbanos em cinco capitais, com orçamento de R$ 1,3 bilhão. Costuma ser usada por políticos para acomodar aliados e levar serviços a bases eleitorais.

O castelo de cartas desmorona a olhos vistos e agora o processo foi parar na Suprema Corte.