Sem final feliz (para o próprio)

 

A dois dias do julgamento no TSE que pode torná-lo inelegível por oito anos, o capitão parece uma barata tonta. Recentemente admitiu seus próprios prognósticos sobre seu futuro próximo:

“Vamos enfrentar isso no dia 22. Já sabemos que os indicativos não são bons, mas estou tranquilo”, mentiu.

Para ele, portanto já parecem ser favas contadas.

Ainda assim, viveu um daqueles seus habituais acessos durante evento de filiação ao PL em Jundiaí, daqueles de dia sim e outro também dos últimos quatro anos:

"Agora vocês vão cair para trás. A vacina de RNA tem dióxido de grafeno, tá. Onde ele se acumula segundo a Pfizer que eu fui lá ver aquele trem lá, no testículo e no ovário. Eu li a bula", assegurou, voltando a mentir. 

Dias depois, manifestou uma rara reviravolta, quem sabe quando a ficha caiu de que ele não tem mais o poder de presidente para mentir a bandeiras despregadas:

 “Como é de conhecimento público, sou entusiasta do potencial de emprego do óxido de grafeno, por isso inadvertidamente relacionei a substância com a vacina, fato desmentido em agosto de 2021. Mais uma vez lamento o falado e peço desculpas".

Quando alguém já viu ele fazer isso?

Aparentemente, é o modelito vitimizado que planeja adotar no caso de sua provável derrota no TSE.

Como se sabe, a única chance do inominável escapar dessa é o ministro Nunes Marques – seu indicado ao STF, cujo voto sempre lhe tem sido favorável – mais do que votar contra a inelegibilidade, peça vista do julgamento.

O que não é impossível. Apenas adia o desfecho para agosto.

Quando publiquei aqui no último domingo sobre o cerco à formiga rainha – adivinha quem é? – houve leitor revoltado por eu não ter admitido os crimes cometidos pelo ex-presidente nesses quatro anos.

Para mim, os mais graves foram o atentado à vida dos brasileiros com seu negacionismo durante a pandemia do coronavírus, seguido pela perseguição aos povos indígenas e à destruição que provocou em nosso meio ambiente.

Conforme a jornalista Monica Bergamo, muita gente séria cuida desse levantamento, como o grupo Projeto Capivara. O Dossiê Bolsonaro, por exemplo, não deixa pedra sobre pedra sobre as falcatruas que ele cometeu durante a presidência.

E, como a cada dia o fanatismo em torno do mi(n)to parece se apagar como luz sem eletricidade - o que pode amenizar reações violentas -, espera-se que a inelegibilidade seja só o primeiro capítulo de uma história que termine das grades.