Banda subverte os 'bons costumes'
Além de todos os danos que causou ao país, o
bolsonarismo dividiu famílias, afastou amigos. Eu mesma perdi uma daquelas
amigas que julgava eterna e outra nem tanto. Também não posso falar em política em família. Meu
irmão é bolsonarista e minha irmã, casada com um desses exemplares.
Como somos três, fiquei em minoria na própria casa.
Um caso que chega a ser cômico é o dos irmãos
Silvinei e Rodney Vasques (à direita na foto). O primeiro está preso por comandar operações da
PRF que prejudicaram o acesso dos eleitores nordestinos de Lula às urnas no último pleito.
O segundo é guitarrista e vocalista da banda
Far.Pass, criada em 2007 em São José (SC), onde eles nasceram. Embora não
critique ou sinta pena do atual destino do brother, o grupo tem viés político
e não se furta em barbarizar o inominável.
Com a ironia que anda em falta nesses últimos anos, a
canção “Boi, bala e bíblia” tem no refrão: "Deus acima de todos, e o pobre
no caixão". São claros os alvos: o agronegócio, os armamentistas,
militares e evangélicos, tão queridos do capitão idolatrado por Silvinei.
A letra ainda provoca: "Deus, pátria, família,
conchavos e money. Money, money, money, money", além de fazer menções
a "fanáticos", "falsos profetas", "charlatões",
"anticristos", e de uma referência à ditadura: "Dói Codi a minha
mente. Não! Anos de chumbo nunca mais".
No início do mês, durante ensaio aberto num bar de
Florianópolis, entre as músicas tocadas estavam "Fogo na casa
grande", "Sequela à vista" e "Golpe burguês". "Em
breve, tem mais barulho e subversão! Aqui o groove é nervoso!",
anunciavam.
Imagino o papo distópico entre os dois numa mesa de
família... A logomarca da Far.Pass tem uma coroa com sinal de
proibido, o que já mostra ao que veio a banda, cuja postagem viralizou justo entre comparsas de Silvinei da PRF.
O alvo era o militar brasileiro. "Estou de
farda, mas não gosto de guerra. Eu gosto é de dinheiro público, joias e leite
condensado". E, se nesses 16 anos de estrada eles não conseguiram muitos
holofotes, certamente algo deve começar a mudar a partir de agora.
Fieis a temas existencialistas, latino-americanos, drogas, racismo e democracia burguesa, embora tenham apenas 376 seguidores em sua página e
outros 216 no Instagram, é nítido que a banda conquista simpatias em tempos de liberdade.
Alexandre Loco Jose Franco
ResponderExcluirUm tanto inusitado no quesito convencional de postagem e muito bem a caráter no sentido convencional do cotidiano de várias pessoas!!
Bem elaborado e bom pra refletirmos!
Obrigada
ExcluirAmanda Marinho
ResponderExcluirAcho que todos nós passamos por isso nos últimos seis anos. Infelizmente.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirArnaldo Moreira
ResponderExcluirO cerco se fecha
Já falamos assim há tempos, mas parece que agora é pra valer...
ExcluirArnaldo Moreira
ExcluirO estrupício achou normal mandar espalhar fake news. Mandei e daí? Qual o problema?
Claro, fez isso por quatro anos...
ExcluirRodolfo Stonner
ResponderExcluirÉ triste ter familiares neste lado..não gosto nem de comentar...
Foge à minha compreensão, afinal tivemos um mesmo padrão de educação, embora optássemos por caminhos diferentes a partir da adolescência
Excluir
ResponderExcluirElide J Zsa
Só divide famílias e amigos de fanáticos.
Que se iludem com seus ídolos.
Eu não perdi nem um nem outro.
Apesar das diferenças.
Uma máxima da boa convivência é não misturar preferências políticas com afetos - são searas diferentes - nem todos que comungam politicamente também o fazem na relação de amizade.
E nem todos que divergem politicamente são inimigos.
Às vezes é justamente nos diferentes que encontramos amizades sinceras e ajuda desinteressada.
Misturar essas estações é patológico e merece tratamento psicológico.
Além do que, uma democracia é feita de várias vertentes.
Só os autocratas desconsideram quem não se submete à sua cartilha.
O melhor a fazer, qdo alguém das nossas relações é mais radical , é evitar assuntos que nos coloquem num confronto inútil e desnecessário.
E usufruir do que ambos apreciam, construindo pontes, não muros.
Em tese concordo plenamente com vc. A tal amiga eterna, que nunca foi uma pessoa muito politizada e estava na lista do whatsapp de convidados a acessar meu blog, pessoa doce, chamou o que escrevo de "lixo". Foi uma pancada e um susto, imediatamente a removi da lista e não tive mais vontade de fazer contato. Agressão gratuita. Para vc ter uma ideia, ela se separou e até arranjei um namorado pra ela...e o casal (ele continua meu amigo) vivia me agradecendo por isso. Qto ao meu irmão, nunca nos demos bem, não chegou a ser uma perda...
ExcluirAntonio Pavesi Neto
ResponderExcluir"precisamos extirpar essa gente " Lula, 2023
Felipe Albano
ResponderExcluirO Bolsonarismo pouco tem com o Bolsonaro, é uma reação contra essa besteirada do politicamente correto e da crescente influência de grupos autodenominados de ESQUERDA, que tem um ponto de vista correto, mas exageraram e viraram histeria e grande ENCHEÇÃO DE SACO.