"Militares não mandam, são mandados"
Um dos comandantes da PM presos em Brasília citou o
artigo 142 como alternativa à posse de Lula. Esse continua a ser um
equívoco dos que não acompanharam as mudanças constitucionais, como explica o
historiador Francisco Carlos Teixeira da Silva (foto) no Canal Meio.
Simplesmente porque a eles isso não interessa.
Durante o Império havia um quarto poder, o moderador,
exercido pelo Imperador que podia, entre outras coisas, dissolver e convocar o
Parlamento e as eleições. Os militares julgam-se herdeiros desse poder
moderador.
“Quem tem de manter a ordem interna são as
polícias: a Federal e as polícias estaduais, civis e militares. Esse é o grande
debate do artigo 142 da Constituição, que foi muito
mal redigido”, observa Teixeira, especializado em militares.
O texto, segundo o historiador, foi exigência dos verde oliva na transição da Constituinte de 1988. “Havia pelo menos 40 assessores
militares no nível de coronel impondo sua visão.” E o que tem sido ignorado por eles são
duas leis complementares ao artigo 142, feitas pelo futuro presidente FHC,
integrante da comissão que redigiu o mesmo.
Esta lei é clara ao atribuir a decretação da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) a um governador, ou ao ministro da Justiça, com a devida autorização do presidente.
“Não há forma de um general
ou um comandante de área ou região militar tomarem iniciativas. Eles não podem,
porque são mandados, não mandam. Isso está claro nas leis complementares ao
artigo 142, que ninguém lê.”
Para Chico Teixeira – como gosta de ser chamado –
conduzir os militares de volta à caserna “é um esforço que demanda coragem e
autoridade. Se houve na história um momento propício é o atual”, acredita.
Pela formação conservadora das escolas e academias
militares, o inimigo interno é associado a qualquer movimento de promoção e
avanço social. “Agora é o petismo ou o bolivarianismo.” E o MST, porque a
formação reflete o pensamento da elite branca dominante proprietária de terras.
“A formação militar é essencialmente na matemática
tradicional, totalmente binária. Não ajuda a pensar a complexidade da sociedade
brasileira. Os militares imaginam que são os únicos que conhecem a
sociedade brasileira.”
Acham-se também os únicos não corruptos. O que está longe do que assistimos nos últimos quatro anos.
Hoje, o Exército consome a maior parte do seu
orçamento em custeio, não em pesquisa, armamento ou modernização. E o governo
do inominável levou a distorções como a de generais recebendo salários de R$
300 mil.
“O general Tomás Paiva não tem de definir o papel
do Exército, falar em prontidão, falar que o Exército é coeso ou democrático.
Isso está na Constituição”, aponta.
"O melhor ruído que os militares podem fazer numa república democrática é o silêncio", conclui o historiador.
Luiz Queiroz
ResponderExcluirTem que prender a milicada toda.
Teresa Corção
ResponderExcluirMuito bom! Adorei… eu que convivi com a corja por 40 anos no Navegador… argh
Odilon Carvalho
ResponderExcluir👏👏👏👏
Socorro Sobral
ResponderExcluirBastante didático, gostei.
Quem destoar dessa norma constitucional tem de responder por isso. Os milicos envolvidos na tentativa de golpe devem ser expulsos das FA e presos. É simples assim, ou devia ser.
ResponderExcluirConcordo, simples assim
ExcluirNilton Landarin
ResponderExcluirIsso mesmo, têm o dever Constitucional de se submeter ao poder cívil, sendo funcionários públicos não podem dar opinião ou falar publicamente sobre política de governo, devem ficar em silêncio.
Branca Moreira Alves
ResponderExcluirNosso defeito de berço! Começamos mal a República...
Pois é...
ExcluirPois é...
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirA família verde oliva, pra variar, se achando herdeira da família imperial
ResponderExcluirBermardo Vilhena
ResponderExcluirA família verde oliva, pra variar, se achando herdeira da família imperial
Eles se acham!
ExcluirLeco Goes
ResponderExcluirMilitares, podem ser bem ou mal mandados. Bom seria terem a exata noção do seu papel. Isso é a conquista a ser conseguida.
ResponderExcluirPaulovieira De Souza
Esta lei 142 deveria chamar de lei ulisses Guimaraes relator e criador desta lei apresentada nas reunião em um edifício localizado no beco do bragança n 87 / andar no rio de janeiro no inicio da montagem do projeto das diretas já em 1983, até serem anunciadas perante toda a nação brasileira
Gostaria de saber um pouco mais de detalhes de informações tão precisas!
ExcluirNetao Araújo
ResponderExcluirEsses bolsoloides não sabem nem o que falam