Minuta de GLO tem nome e sobrenome

 

Quando apareceu aquela minuta de golpe no casa do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, ficou o mistério sobre a autoria do documento. Que permanece. Já a autoria da minuta que previa uma GLO já tem nome e sobrenome.

Ela foi preparada pelo Ministério da Defesa em reação ao 8 de janeiro, quando milhares vandalizavam as sedes dos Três Poderes. Como se sabe, constitucionalmente a medida é autorizada pelo presidente, e permite que as Forças Armadas passem a atuar como poder de polícia.

Seria, na realidade, a senha para o golpe se Lula tivesse recorrido a ela. Não fosse o alerta imediato de Janja, que o acompanhava numa visita a Araraquara: “GLO é golpe”.

A tal minuta foi encontrada no e-mail do capitão de fragata da Marinha Elço Machado Neves, que na época à frente da Chefia de Operações Conjuntas do Ministério da Defesa.

A CPMI dos Atos Golpistas, após quebrar o sigilo telemático de Neves, identificou que ele havia enviado o documento de um e-mail pessoal para o seu próprio endereço funcional, às 18h05 de 8 de janeiro. Em pleno quebra quebra, portanto.

Ingenuamente, o próprio José Múcio, ministro da Defesa, sugeriu a Lula a adoção da GLO.

O texto alegava que o DF e a Força Nacional eram insuficientes para conter os manifestantes, "o que torna imperioso o emprego de meios federais para conter os manifestantes", como reproduziu O Globo.

Detalhe: a portaria que autorizou a nomeação de Neves e o colocou à disposição para ocupar o cargo vinculado ao Ministério da Defesa foi assinada pelo então chefe de gabinete do almirante Almir Garnier.

Aquele mesmo almirante que se colocou à disposição do inelegível para realizar o golpe, conforme a denúncia premiada do ex-faz tudo Mauro Cid.

O capitão da Marinha tinha ainda em seu e-mail a minuta do decreto de intervenção federal na segurança pública do DF, publicada por volta das 18h daquele mesmo dia, pouco antes de enviar para si o e-mail da GLO.

Como se sabe, diante do assustador cenário de destruição e de aparente leniência dos policiais militares que deveriam proteger a Esplanada, Lula decretou a intervenção federal na segurança pública do DF.

E nomeou como interventor o civil Ricardo Capelli, secretário-executivo do Ministério da Justiça.

Não fosse isso, hoje estaríamos em plena ditadura militar.