A segurança é enxugação de gelo
Trabalhava na Revista Isto É quando entrevistei,
pelo telefone, o secretário de Segurança do então governador Anthony Garotinho,
Luiz Eduardo Soares (foto). Fiquei maravilhada com suas ideias. Como se sabe, ele
durou pouco no cargo, porém. Sucumbiu a seu entorno.
Em meio à crise aguda vivida pelo
Estado, com 35 ônibus, trens queimados e a arma de um policial encontrada com o
miliciano assassinado que motivou a rebelião dos bandidos, o drama só tem piorado.
Isso para quem viveu duas gestões Sérgio
Cabral com suas milagrosas UPPs, incapazes de mascarar a criminalidade que envolvia o
próprio governador.
Para Soares, “o governo do Rio está
perdido. O nível de degradação das forças policiais é muito grande”, e cita
como exemplo a prisão de Allan Turnowski, ex-secretário de Polícia
Civil, acusado de envolvimento com o jogo do bicho.
“Passou batido, ninguém fala mais nisso.
Agora deputados ligados a milicianos indicaram o novo secretário. Não há nenhum
esboço de reforma e saneamento das polícias. Esta é a questão chave da
segurança pública no Rio. Enquanto não for enfrentada, não haverá solução”,
diagnostica ele ao colunista Bernardo Mello Franco no Globo.
Segundo o sociólogo, o governador Cláudio Castro está fragilizado, “acuado, com problemas orçamentários gravíssimos. Depende do
Ministério da Fazenda, não sabe se vai honrar a folha de pagamentos. Por isso,
está nas mãos dos deputados da Alerj. Castro não tem aliados, tem tutores. E os
tutores nós sabemos quem são.”
Há quem diga que quem manda no Estado é um
delegado que possui o dossiê sobre os podres de Castro.
Soares condena o modelo de segurança
nacional, que está nas mãos dos governadores. “Quando estoura uma crise, o
presidente mostra solidariedade e promete ajuda. Se o governo federal não
arriscar, não der passos mais ousados na segurança, não vamos sair do atoleiro”,
diz.
Uma prova dessa falência é o
descontrole de governadores sobre suas polícias, como é o caso de Castro no
Rio. Claro que o estímulo dado pelo inelegível às milícias só fez piorar ainda
mais o que já era ruim. Tanto que o crescimento das milícias e do tráfico no
governo anterior foi empurrado para debaixo do tapete. Era como se não
existisse...
Preferiam falar de meninas que vestem rosa, meninos de azul, condenar o aborto e a educação sexual nas escolas.
O sociólogo lembra que para o governo
federal aceitar pedidos de ajuda, deveria exigir o saneamento das polícias –
algo que parece impossível nos dias atuais -, além do cumprimento das regras de
atuação impostas pelo STF.
Por enquanto, o que todos fazem é
enxugar gelo.
Alcebiades Abel Filho
ResponderExcluirNa realidade existe uma interdependência entre a polícia civil e militar no " quesito" corrupção isto é público e notório. Principalmente, quando a questão envolve tráfico de drogas e outras "coisitas mais". O correto seria uma INTERVENÇÃO FEDERAL no Rio de Janeiro. Esta tudo dominado.
ResponderExcluirMiguel Francisco Hatzlhoffer
Isto se trata de quem tem a soberania no estado e principalmente na metrópole do Rio de Janeiro.
Existem eleições para definir o poder executivo e o legislativo, o que presume-se então é que a soberania seria conferida pela população através do voto.
Mas o que vemos é uma disputa entre o crime organizado e as milícias (compostas por policiais e ex policiais, e que perceberam um espaço de crime que poderiam ocupar, inclusive com ajuda de politicos) dividindo a soberania do poder público.
Os médicos baleados, por exemplo, crime cometido pela facção criminosa, que viu o erro, julgou e condenou os assassinos e já executou, ou seja, bandidos cometerem um crime, firam julgados por outros criminosos, condenados a pena de morte por também criminosos.
Como restaurar a soberania do poder público agirá é a grande resposta que se quer.
Jorge Lúcio de Carvalho Pinto
ResponderExcluirO dedo lá no fundo da ferida
Elson Rezende de Mello
ResponderExcluirSim, é isso. Fundamental o saneamento das polícias, enfrentar isso com firmeza. Claro, desde que não se tenha rabo preso.
Luiz Antonio Câmara
ResponderExcluirPerfeita a análise do grande Luiz Eduardo Soares!
Quem dera que ele fosse ouvido pelos governantes
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