Está tudo contaminado

 


Durante a ditadura militar eu temia tanto os policiais quanto os bandidos. Porém, como mostra “Milicianos: Como agentes formados para combater o crime passaram a matar a serviço dele” (Objetiva), que acaba de ser lançado, não mudou muito.

Embora por razões distintas.

O livro, de Rafael Soares, nasceu após mais de um ano de apuração em mais de dez mil páginas de processos judiciais e documentos, além das dezenas de fontes entrevistadas. Monta a nefasta história das milícias fluminenses.

O depoimento do ex-miliciano André Vitor de Souza Corrêa, o Dufaz – na esperança de fechar acordo com a Justiça -, por exemplo, disseca a parceria entre as forças de segurança e a milícia. Ele conta que circulava armado pela cidade com farda da PM, embora não fosse policial.

Segundo disse, os PMs vendiam armas apreendidas em operações contra o tráfico para a milícia e entregavam aos paramilitares os rivais detidos para serem executados.

Seu depoimento contribuiu para a condenação de 26 milicianos em maio de 2020.

Sua vida, porém, durou pouco. Um mês depois de depor, seu corpo foi encontrado num porta-malas em Itaguaí. O município, por sinal, e a favela do Rola, ambos na Zona Oeste, integraram o plano expansionista da maior milícia do Rio.

A partir de 2017, o grupo chefiado por Wellington da Silva Braga, o Ecko, fundado por policiais nos anos 2000 e associado a traficantes, como Ecko, espalhou-se por 20 bairros da capital, Baixada Fluminense e Costa Verde.  

Com isso, passou a ser considerado por investigadores e pesquisadores como a maior organização criminosa do Rio. Hoje o grupo vive em guerra por liderança, desencadeada após o assassinato de Ecko em operação policial, de 2021.

E, mesmo com a visível participação da polícia na expansão da milícia, agentes dos batalhões da região foram premiados por combater o crime durante esse período.

Em meio a esse total descontrole, impressiona o caso de Santa Cruz, onde a milícia passou a dominar todo o bairro após invadir as favelas do Rola e Antares. Taca o terror explorando moradores, comerciantes e empresários.

E ainda cria uma pacificação artificial com ameaças, extorsões e desaparecimento de eventuais denunciantes.

É mais um retrato da total ausência das forças de segurança no Rio...aliás, que forças? Que resultado poderia ter esse 'mapa da mina' se está tudo contaminado?

Comentários

  1. Sebastião Garcia
    Aluisio Vaz da Silva
    Enilson
    A organização criminosa segue firme no apoio à família do jumento. Por isso, eles sempre ocuparam cargos nos gabinetes dos bolsonaros!!!

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  2. Responder
    Paulo Roberto Souza
    Sebastião Garcia RAÇA MALDITA ESSES BOZOS

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  3. M Christina Fernandes
    O pior é que vamos sabendo de tudo que acontece em nossa cidade abandonada e nada podemos fazer. Só se elege aqui quem é do sistema funcionante. Com que argumentos vai se reeleger o Paes na próxima eleição e posteriormente pra quando for pra governador?

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  4. Izilda Miranda
    Tem outro problema também: a "evangelização" de grupos armados e perigosos.

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  5. Fatima Helena Melo
    Celina Côrtes , estamos vivenciando por causa de governos incompetentes e deploráveis, momentos piores que a ditadura!!

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  6. Cleverson Gato
    Triste ver a situação dos cariocas, apesar de SP não ser muito diferente, eu creio que a geografia, apesar de nos proporcionar um dos lugares mais lindos do mundo, ajuda na exclusão e segregação social, aí com a governança capciosa tudo é elevado a décima potência.

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  7. Eu acrescentaria ao título do artigo; E DOMINADO.

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