Flávio volta a se encalacrar

 

A compra por Flávio Bolsonaro de uma mansão por R$ 6 milhões no Lago Sul de Brasília (foto), em fevereiro de 2021, foi criticada até por aliados. A primeira instância do TJ engoliu a transação, afinal, o papai ainda era o presidente.

Só que os desembargadores da 4ª Turma Cível do TJDFT derrubaram a decisão judicial na semana passada, segundo o Estadão, e exigem que o senador apresente documentos comprovando renda para fazer a milionária aquisição.

A compra ocorreu graças ao empréstimo de R$ 3,1 milhões do Banco de Brasília (BRB), quando o 01 não dispunha de salário para bancar a mordomia.

Ou seja, com a decisão as investigações sobre o caso serão retomadas, após recurso da deputada federal Erika Kokay (PT-DF) contra o arquivamento da ação popular movida contra Flávio e o BRB.

Kokay alega que a renda de Flávio e da esposa, Fernanda, de cerca de R$ 36 mil, seria insuficiente para obter o tal empréstimo de R$ 3,1 milhões. O próprio banco simulou que as parcelas mensais ficariam em cerca de R$ 18 mil, ou aproximadamente a metade da renda do casal.

Para quem tem uma história estranha como a de Flávio, realmente não dá para engolir mais essa. Quando entrou na vida política, em 2002, seu patrimônio era um carro Gol 1.0, declarado por R$ 25,5 mil. Já entre 2012 e 2014 ele passou por intensa movimentação imobiliária.

Suas grandes aquisições foram um apartamento em Laranjeiras e outro na Barra da Tijuca, antes de 2015, ambos totalizando R$ 4,2 milhões. Para quitar os dois recorreu a empréstimos na Caixa e no Itaú, respectivamente.

Hoje, um deputado estadual ganha R$ 25,3 mil brutos. Na declaração de bens de 2018 – ano em que elegeu-se senador – Flávio disse ter R$ 1,74 milhão (ou a metade disso, já que é casado com separação de bens).

É mais do que conhecida a investigação do MP-Rio, que solicitou ao Coaf relatório sobre as contas do 01. Este, levantou 48 depósitos de R$ 2 mil para o então deputado feitos por Fabrício Queiroz, entre junho e julho de 2017.

Era a mesada das ‘rachadinhas’ que, apesar de todas as provas apresentadas, foi sepultada pela interferência direta do capitão tanto na Justiça quanto no Coaf, que mudou até de nome.

Enquanto isso, o homem mimado continua de dedo em riste para os adversários, E ultimamente tem botado as manguinhas de fora com a desfaçatez de quem não tem um telhado de vidro dessa magnitude e não tem nada a dever.

Ao que parece, a moleza começa a acabar. 

Já não é sem tempo.