Diferenças entre Trump e o capitão

 



Por sorte, existem mais diferenças do que semelhanças entre o inelegível e Donald Trump, conforme o cientista político Daniel Ziblatt, um dos autores de “Como as democracias morrem” e de "Como salvar a democracia"..

Para ele, seria “bem difícil” para o capitão eleger um aliado para presidente em 2026. Enquanto um eventual segundo mandato de Trump é possível e “terrivelmente assustador”.

Em entrevista à jornalista Malu Gaspar, ele considera que uma das diferenças entre Brasil e os EUA é que o partido do primeiro é “fraco”. Já em terras do Tim Sam o Partido Republicano costuma se revezar na Casa Branca com o Partido Democrata, do presidente Joe Biden.

O autor considera que “os brasileiros agiram melhor que os americanos para conter os arroubos golpistas quando seus últimos presidentes foram derrotados no voto.”

Lá, Trump estimulou a invasão do Congresso em 6 de janeiro de 2021. Aqui, o capitão fez o mesmo no 8 de janeiro de 2023. Só que o americano é favorito para ser o candidato do Partido Republicano nas eleições de 2024, com força para chegar lá, enquanto o mi(n)to está inelegível até 2030 por crimes eleitorais da campanha. Ufa...

“Houve uma grande falha do Partido Republicano entre a derrota de Trump e a posse de Biden. Era claro que ele perdeu a eleição. Os líderes do partido Republicano, porém, não disseram a público a Trump: ‘Afaste-se, acabou’, analisa.

E assim o ex-presidente não foi condenado por suas ações.

Os autores Levitsky e Ziblatt lembram que líderes autoritários como Trump e o capitão não destroem sozinhos a democracia. Precisam de políticos tradicionais que “toleram, ajudam e protegem os autoritários” - o que o cientista político espanhol Juan Linz chama de “democratas semileais”.

E, nos EUA, os republicanos têm sido “esmagadoramente semileais” ao sustentar o autoritarismo de Trump e questionar os resultados da eleição de 2020. Além de protegê-lo nas investigações do atentado ao Capitólio, apoiam sua candidatura à Presidência em 2024.

Por ser a chance de voltarem ao poder.

Aqui, ao contrário, os principais aliados de direita do ex-presidente reconheceram a vitória de Lula na mesma noite das eleições. Ou seja, ele não conseguiu ir adiante porque as elites políticas e militares deixaram claro que não o apoiariam e condenaram com vigor o 8 de janeiro.

E, quando o político tornou-se inelegível, foram muito poucos os que o defenderam. O que fez toda a diferença.

 

 

Comentários

  1. Wladimir Ganzelevitch
    E lá não tem lei que garanta inelegibilidade. Mesmo condenado, pode se eleger.

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  2. Ana Luiza Pinheiro
    Ele esquece de falar que não há diferença entre republicano e democrata no governo dos Estados Unidos ! Todos os presidentes democratas da tão assassinos quanto os republicanos ou até mais ! Obama assassinou milhões ! Biden apoia o Genocídio ! Não sei porque ele se assusta com Trump e não se assusta com esses monstros democratas ! Dois pesos duas medidas !

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  3. Wesley Alves Machado
    Não é claro para mim, que a dimensão política do enfrentamento a Bolsonaro tenha tido este peso todo no seu afastamento. Acho que devemos isto aos controles que a democracia brasileira achou por bem implantar na CF e que não existem no arcabouço americano, prezada Celina Côrtes.

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    1. Concordo, meu post externou o pensamento de Ziblatt, com o qual tb me afino

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  4. Ruth Rosa
    A diferença também está no fato de que nos EUA ambos partidos, Democrata e Republicano, são de direita.

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    1. Bem observado, embora o pêndulo dos democratas tenda mais à esquerda

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  5. Izilda Miranda
    Muito bom o texto.
    O livro "Como as democracias morrem " acho que todo mundo deveria ler.

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    1. Também gostei muito, ainda não li este último

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    2. Izilda Miranda
      Celina Côrtes vale a pena a leitura. Trás explicações, por exemplo, porque as pessoas se deixam levar por discursos fascistas, como do Trump, por exemplo

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    3. Bom saber, vai entrar para minha lista

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