Leilão esquizofrênico
Não
foi exatamente do "fim do mundo”, como chegou a ser chamado o leilão que
ofereceu na quarta-feira (13) 603 blocos no Brasil para exploração de petróleo
e gás fóssil, no 4º Ciclo da Oferta Permanente de Concessão (OPC), realizado essa semana pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).
O
Ibama e o Ministério eram contra, o que não impediu a realização do certame,
cujos 192 blocos arrematados estão em áreas de conflitos socioambientais. Se a
venda fosse de 100%, as emissões brasileiras passariam a mais de 1 gigatonelada
anual de dióxido de carbono.
É a previsão de emissão do Brasil para 2030.
A
estimativa é do Instituto Internacional Arayara, que entrou com ação contra o
leilão. Por sorte, cerejas do bolo, como área próximas a paraísos ecológicos,
como Fernando de Noronha (foto) e Atol das Rocas não foram arrematadas.
Contudo, a
empresa Eneva comprou o campo marginal de Japiim, em parceria com a ATEM, que
adquiriu quatro blocos exploratórios nesta mesma região. E, este ano, a ANP inaugurou a oferta de blocos próximos e com sobreposição a Terras Indígenas e Comunidades
Quilombolas.
Em
relação aos paraísos ecológicos, a questão é que eles poderão ser ofertados ao mercado em futuras rodadas.
“Mesmo com todos os impactos sociais e ambientais negativos da atividade petrolífera nessas regiões, a agência as mantêm disponíveis para o mercado”, destaca a nota conjunta do GT Clima e Energia do Observatório do Clima (OC), a Coalizão Energia Limpa e o Instituto Climainfo.
Também
foram leiloadas cinco áreas no pré-sal das bacias de Santos e Campos, litoral da Região Sudeste, sob regime de partilha da produção.
Só Tupinambá, em Santos, porém, foi adquirida, pela britânica BP.
Dos 192 blocos arrematados, 122 – todos em terra, nas bacias
Potiguar, Espírito Santo e Sergipe-Alagoas – foram adquiridos pela petroleira
novata Elysian.
A empresa, fundada há quatro meses, não tem
funcionários. O negócio foi fechado pelo fundador e agora cowboy do
petróleo, Ernani Machado, e sete consultores contratados para orientá-lo no
certame da ANP.
Embora
o prejuízo ambiental fosse menor que o esperado, 94,2% dos blocos ofertados têm conflitos com as diretrizes ambientais da própria ANP ou com alguma política
ambiental.
Sem
falar nessa aquisição de Machado, uma incógnita sobre sua capacidade de honrar o compromisso. O pior é que o leilão aconteceu no mesmo dia do encerramento da
COP 28, que propõe o fim dos combustíveis fósseis até 2050.
Tudo
um tanto ao quanto esquizofrênico...
Christina Dezouzart Cardoso
ResponderExcluir" um tanto o quanto esquizofrenico"?
Ou absolutamente esquizofrênico?
Frank Gundim
ResponderExcluirNo mínimo, uma decisão super contraditória!
E acho que essa é a grande questão do governo Lula desde sempre: atender as demandas do povo e ao mesmo tempo acenar fortemente com o capital! Enfim, triste para os povos que serão impactados e super frustrante para quem acreditava que a nossa republiqueta seria protagonista na mudança da matriz energética.
Ledo engano! 😒🥺
Carlos Minc
ResponderExcluir😔😔🤔🤔🥸🥸🌏🌏🌏🌏🪂🪂💥💥🚴♀️🌈🍾