Uma direita mais limpinha

 

A fina nata da extrema-direita brasileira tem olhos azuis e cabelos claros. Porém, é tão bandida que sequer consegue conquistar o apoio de seus pares, como foi com o inominável em suas tentativas de golpes para se manter no poder.

Agora, às vésperas do ano eleitoral o capitão virou casaca de lado e passou a declarar apoio a Ricardo Salles, seu ministro do Meio Ambiente que é até alvo de inquérito por exportação ilegal de madeira.

Bandidagem que acabou por afastá-lo do cargo após sua sequência de ilícitos, só efetiva porque foi uma denúncia que partiu dos EUA. Além de apoiar o nome do mal, o inelegível traiu seu compromisso anterior com Ricardo Nunes.

É por essas e por outras que nem a elite política ou militar foi capaz de levantar um dedo quando o TSE o declarou (duas vezes) inelegível por oito anos.

Agora, só é aguardado o desenlace final, quando o mi(n)to for conduzido para atrás das grades.

Sua cria, Tarcísio de Freitas, entretanto, parece indisposta a ceder aos excessos que têm caracterizado a extrema direita aqui, capazes de inviabilizar sua manutenção no poder.

Como se viu, Freitas e Lula trocaram afagos em evento  no Planalto na semana passada. Também, o governo federal acabava de anunciar o financiamento de R$ 10 bilhões pelos bancos públicos para melhorias no estado. Confiante, Lula escolheu o governador paulista para falar:

“A gente fica muito satisfeito de ver esses projetos viabilizados pelo PAC. São projetos importantes para todos os estados”, derreteu-se o governador de São Paulo.

Ele também foi um dos primeiros a atender ao chamado de Lula no dia seguinte ao ataque aos Três Poderes. O capitão deve tê-lo trucidado pela adesão imediata. E agora, Freitas foi um dos presentes que ouviu de Lula o seguinte convite:

“Estou convidando todos os governadores para um ato em Brasília no 8 de janeiro, para lembrar ao povo que houve uma tentativa de golpe, debelada pela democracia nesse país.”

Freitas, por sinal, tem se aproximado do governo federal e também do STF, os maiores inimigos do bolsonarismo. Sua base o rechaça, contudo, ele parece disposto a trilhar seu próprio caminho, desvinculado da turma 171.

E assim desponta como uma direita mais limpinha. Resta saber qual espaço seus pares lhe reservarão. Detalhe: ele não tem nem olhos azuis ou cabelos claros. Só que terá uma esquerda mais estruturada pela frente para competir.