Platitudes para desviar a atenção

 

Não dá para imaginar a frustração de alguém que conseguiu realizar o maior sonho da extrema-direita (levar Lula à cadeia), depois ter de romper com o aliado pela escancarada interferência na PF quando aceitou ser seu ministro da Justiça; desistir da candidatura à presidência e estar sob o risco de perder o mandato de senador.

E até de ir parar na cadeia.

Com esse histórico, o ex-juiz Sérgio Moro foi buscar algum consolo, ao dizer que Lula “gosta de se equiparar” a Nelson Mandela, ex-presidente da África do Sul e líder do movimento contra o apartheid, a segregação de cor.

Moro acha que “não há comparação possível”, por Mandela ter pacificado o país sem revanchismos. “Não se vê de Lula gestos de conciliação à oposição e a quem nele não votou”.

E, claro que Moro esquece toda a pressão que Lula tem sofrido dos golpistas desde que assumiu seu terceiro mandato, cujo ápice foi o 8 de janeiro, embora a extrema-direita continue a se articular para derrubá-lo a qualquer preço.

O fato concreto é que, após pedidos da PF e da PGR, o ministro Dias Toffoli, do STF, determinou a abertura de inquérito na Corte contra o senador e procuradores que atuaram num acordo de delação premiada considerado o "embrião" da Lava Jato.

O caso foi relatado ao STF por Tony Garcia, ex-deputado estadual paranaense. Garcia fez um acordo de delação premiada com Moro quando este chefiava a 13ª vara federal.

O ex-deputado recebeu a missão de obter provas contra integrantes do Poder Judiciário e do TCE, que estavam fora da alçada da Justiça Federal. Os autos do caso só perderam o sigilo quando o juiz Eduardo Appio, que havia assumido a 13ª vara, descobriu a maracutaia, pela qual o próprio Moro telefonava ao réu dando instruções sobre o processo.

Após Garcia ser ouvido três vezes, a PGR reagiu: "Extrai-se do relato que o acordo de colaboração foi usado como instrumento de constrangimento ilegal.”, conforme o blog de Daniela Lima. Claro que Moro nega tudo, enquanto  planta platitudes aqui e ali.

O PL, autor de uma das ações de cassação do mandato de Moro, aposta que o TRE do Paraná começará o julgamento em fevereiro. O TRE decidiu no ano passado analisar duas ações de investigação contra o senador, a segunda, é da federação PT/PV/PCdoB. Forças opostas atacam o ex-juiz.