Por que não Freixo?

É curiosa a falta de compromisso da grande imprensa com a notícia. Por seis anos, não havia curiosidade maior no país do que saber quem mandou matar Marielle e Anderson. Pois o Intecept descobriu com suas fontes que o principal mandante seria o ex-deputado Domingos Brazão.

E os jornalões ignoraram.

Claro que não me comparo à grande imprensa. Apesar de ter apostado todas as fichas na família Bolsonaro – pela abundância de ‘coincidências’ -, citei Brazão como suspeito.

O que parece incoerente é que se o seu objetivo seria atingir Marcelo Freixo, ex-Psol, hoje no PT, com quem Marielle trabalhou por 10 anos antes de se eleger vereadora, em 2016, por que não Freixo? Ficaria óbvio demais? 

Ou eram puras misoginia, racismo e desprezo por pobres?

Ou seria mais uma cortina de fumaça para encobrir os verdadeiros culpados?

Elcio Queiroz, piloto do carro onde estava Lessa, também citou Brazão, que passou quatro anos afastado do cargo de conselheiro no TCE por ter sido preso em 2017 na Operação Quinta do Ouro, acusado de receber propina de empresários. 

Na época do bárbaro crime, o então conselheiro foi acusado de obstruir as investigações sobre o assassinato de Marielle, ocorrido em março de 2018, e chegou a ser apontado como suspeito de ser um dos mandantes.

Quando deputado na Alerj, Brazão foi citado, em 2008, no relatório final da CPI das Milícias, presidida por Freixo, como um dos liberados para fazer campanha em Rio das Pedras.

Já o MP-RJ voltava a analisar a milícia de Rio das Pedras, ligada à família Brazão, como o Escritório do Crime. Como se sabe, a família Bolsonaro também se relacionava com ambos.

E se há um vínculo concreto do inelegível com os Brazão é o fato dele ter concedido passaporte diplomático a João Vítor Moraes Brazão e Dalila Maria de Moraes Brazão, filho e mulher do deputado Chiquinho Brazão, irmão de Domingos, em julho de 2019.

E o fato de Domingos ser bolsonarista, como Lessa e Queiroz.

No mais, o acordo de delação de Lessa ainda precisa ser homologado pelo STJ, já que Brazão tem foro privilegiado por ser conselheiro do Tribunal de Contas do Rio. Se fosse negro, desempregado, já estaria atrás das grades.

Se é que os verdadeiros culpados poderiam estar sendo poupados com um argumento tão frágil como esse...