Trajetória de impunidade
Brazão é da
Vila Valqueire, na Zona Oeste. Comemorava com um churrasco seus 22 anos, em 1987, quando
seu vizinho, Luiz Claudio Xavier dos Reis, transtornado, acusou um dos irmãos
de ter um caso com sua mulher.
Depois Brazão saiu de carro à procura de Reis, que estava com um amigo de motocicleta.
Quando o encontrou, o matou a tiros, de dia, com várias testemunhas. O amigo chegou a ser alvejado. Sobreviveu, porém.
Primeiro
Brazão negou o crime, depois alegou ser em legítima defesa. Nunca foi preso.
As testemunhas dizem que foram intimidadas, que o criminoso andava com
grileiros armados. Quando o julgamento finalmente aconteceu, Brazão já era
deputado estadual e tinha foro privilegiado (argh).
A Zona
Oeste, majoritariamente rural, por sua vez, é a maior área do Rio, com 43 bairros. A Barra é
o mais rico, os mais pobres da cidade também ficam lá. Houve muita grilagem a partir dos anos 1980 para construir favelas e condomínios. Policiais
eram contratados para dar segurança às terras e logo perceberam que esse
poderia ser um negócio.
Nascem as
milícias, que são como a máfia italiana, só que integrada por policiais e ex-policiais. Logo
passam a expandir os negócios e a controlar os votos. Elegem os seus.
Nessa época, os
Brazão operavam com grilagem de terra. Compravam e vendiam carros usados para lavar dinheiro. Passaram para os postos de gasolina. Tiveram 18.
Em 1990 ele foi investigado na Alerj como um dos líderes da adulteração de combustíveis na cidade. A também deputada Cidinha Campos o acusou de ameaçá-la de morte. Brazão negou. Em 1996 elegeu-se vereador, em 1998 chegou a deputado estadual. Em 2015, cinco mandatos depois, foi para o Tribunal de Contas do Estado. É um dos responsáveis por aprovar as contas do governador.
Hoje os três
irmãos, inclusive Pedro, o mais velho, são políticos. Os três sempre andaram armados.
Brazão foi
citado na CPI das Milícias, presidida por Marcelo Freixo, cuja principal assessora
era Marielle, a quem mandou matar, conforme antecipou o Intercept. Ele chegou a ser preso já quando era conselheiro, acusado de
esquemas gigantes de corrupção. O ministro Kassio Nunes Marques, do STF, o
reconduziu ao cargo (imaginem quanto levou...).
Ligado ao
PT e ao grupo de Sérgio Cabral, Brazão fez campanha para Bolsonaro. Tem muitos
votos, e seus eleitores costumam segui-lo. É próximo de todos os grupos políticos.
Sua
história é uma aula sobre por que o Rio chegou ao ponto em que chegou. E Marielle
só foi barbaramente assassinada porque a Justiça fluminense preferiu fazer vista
grossa desde 1987. Até quando?
(Fonte:
Pedro Doria, no Canal Meio)
Eremita Araújo
ResponderExcluirCredo
Eloi Menezes
ResponderExcluirBandidos no tribunal de contas 😲 Aprovam as contas dos governadores 🙄 assassino, miliciano e com cargo público 🤑 e com essa ficha extensa ainda é eleito pelo povo do Rio de Janeiro.
Pois é, os péssimos votos ajudam a explicar a tragédia que vivemos
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOdilon Carvalho
ResponderExcluirMuito bom o histórico de impunidade
Mérito do Pedro Dória
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ResponderExcluirOrlando Silva Junior
Obrigado Celina Côrtes por compartilhar parte dessa triste história que envolve Domingos Brazão e que é só mais uma nessa tragédia chamada Rio de Janeiro e que como outras tantas foram se tornando normais na “cidade maravilhosa”.
Obrigada por me ler! O mérito do histórico é do Pedro Dória
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