Destino inexorável

 

Parece piada de mau gosto. As provas de que o inelegível comandou a tentativa de golpe contra a eleição de Lula começam a pipocar. Ele fica mudo no depoimento à PF e convoca uma manifestação.

Para se defender. De quê? Continuar a enganar os trouxas de que não teve nada a ver com a tentativa de golpe? Provar que é inocente quando tudo e todos depõem contra ele?

Políticos, aliados e alguns governadores prometem marcar presença. Vão fazer coro à mentira? A capacidade dessa gente de torcer a realidade é assustadora.

À frente, o pastor Malacheia, que banca a festa antidemocrática regada a dois carros de som e um tsunami de fake news. Pior é que quem não tem nada a ver com tudo isso tem de aturar a farsa, como se relevante e verdadeira fosse.

A quem interessar possa, agora que Augusto Aras já era, o PGR Paulo Gonet não vai dar vida fácil ao capitão. Como apurou o jornalista Guilherme Amado, há três cenários possíveis para o futuro próximo.

E o que pode distinguir esses cenários são as eleições municipais em outubro. No primeiro, Gonet denunciaria o ex-presidente até junho.

Se Alexandre de Mores, o relator do caso, e Luís Roberto Barroso, presidente do STF, não quiserem que o julgamento coincida com a eleição, o mi(n)to se tornaria réu em agosto e julgamento ocorreria após a eleição. Seria o mais rápido desfecho e ele passaria a eleição já como réu.

Neste caso, seria condenado ainda esse ano.

A análise da denúncia, porém, pode começar só em setembro ou em outubro, o mês da eleição. Mais improvável. Ele se tornaria réu durante a campanha.

A terceira hipótese, também menos provável, seria a denúncia ser analisada em novembro, o que o tornaria réu após a eleição. Nos dois últimos casos, condenação, só em 2025.

Barroso só poderá interferir nesse calendário se Moraes levar o caso ao plenário do STF, onde a decisão será tomada por 11 juízes, inclusive os bolsonaristas Nunes Marques e André Mendonça.

Já se o ex-mandante for julgado pela Primeira Turma, a decisão caberá a Moraes, que preside o colegiado integrado por Luiz Fux, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Flávio Dino.

Espera-se que vença a primeira alternativa, menos sujeita a futuras judicializações.

Ou seja, a possibilidade do inelegível escapar das grades é praticamente nula.