Caso Marielle não está encerrado

 

Quando a PF revelou os supostos mandantes do brutal assassinado de Marielle, senti uma profunda decepção ao saber que o nome do inelegível e de sua família não estariam envolvidos no crime. Meu marido comentou que eu perderia credibilidade se mencionasse isso no blog.

O ministro Ricardo Lewandowski e o diretor da PF, Andrei Rodrigues deram o caso por encerrado. Só que o jornalista Ricardo Rangel, da Veja, dedicou uma coluna ao assunto, à qual mesclo minhas próprias indagações.

Primeira pergunta: por que a pressa de Flávio, o primogênito, em alardear que seu pai não tinha culpa neste cartório?

A Lava Jato deixou claro que delação premiada não é prova. Como ter certeza de que Ronnie Lessa disse a verdade e não estaria acobertando alguém?

Como se sabe, Lessa era vizinho do capitão no condomínio Vivendas da Barra, e sua filha namorou Jair Renan, o caçula da familicia. Por que o ex-policial toparia fazer um crime de tal complexidade, por ser de uma parlamentar, apenas por um futuro lote em Jacarepaguá?

Já que o foco de Marielle não eram as milícias, por que ela entraria em confronto com estes grupos, se metendo na aquisição de imóveis na Zona Oeste?

Quando o ex-presidente começou a pressionar seu ministro da Justiça, Sérgio Moro, a trocar o superintendente da PF no Rio, achei que a causa seriam as 'rachadinhas' de Flávio. 

Porém, por que o capitão teria brigado tanto pela substituição, a ponto de se indispor com Moro, que deixou o cargo por supostas interferências do então chefe na PF?

A notícia de que o motorista Élcio de Queiroz procurava “Seu Jair” na casa do ex-mandatário, exatamente no dia do crime, era a história relatada pelo porteiro, que foi desmentido e desapareceu. Assim como os vídeos da portaria daquele dia...

O matador do Escritório do Crime, Adriano Nóbrega – cuja mãe e mulher eram empregadas no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro – foi morto em queima de arquivo pela PM baiana, em 4 de fevereiro de 2020. 

O criminoso, ex-Bope, chegou a depor à polícia que havia se recusado a matar Marielle. Para quem?

Daniela, irmã do matador, disse em ligação grampeada que o Planalto ofereceu cargos comissionados pela morte do irmão, e que ele já sabia ser um “arquivo morto”. A escuta também se referiu à “Casa de Vidro” (o Planalto) e mencionou “Seu Jair”, após o assassinato de Marielle. E, segundo o Intercept, depois disso as escutas do MP-RJ foram interrompidas.  

E, por fim, os Brazão teriam a força de um presidente para retardar em seis anos a solução para um crime?

Como afirmar que o caso está encerrado, se o peso pesado mor sequer é cogitado de envolvimento no crime?