Deputados aliviam Brazão

Passados seis anos para que soubéssemos quem foram os mandantes do brutal assassinato de Marielle, que matou também o motorista Anderson Gomes, a Câmara ainda não conseguiu votar o relatório do deputado Darci de Matos (PSD-SC), que pede a manutenção da prisão preventiva de Chiquinho Brazão, já expulso do União Brasil.

Como se sabe, a análise foi adiada para após a Páscoa, o mais10 dias, pelo pedido de vistas do deputado Gilson Marques (foto, Novo-SC). 

Ele alegou falta de tempo para que a comissão avaliasse os termos da prisão de Brazão. Um escárnio. O pedido foi subscrito pelos deputados Roberto Duarte (Republicanos-AC) e Fausto Pinato (PP-SP).

“São seis anos esperando por justiça, e vocês passando pano para miliciano”, disparou a combativa Sâmia Bomfim (PSOL-SP), conforme o site Congresso em Foco.

Marques argumentou que “o relatório final da PF tem 479 páginas. A decisão de Alexandre de Moraes tem 41 páginas. Esses dois documentos importantíssimos não estão no sistema para a consulta dos deputados desta comissão. Fora isso, o relatório de Darci de Matos (…) foi protocolado às 13h48”.

Claro que nada disso interessa aos cidadãos e eleitores, que pagam fortunas aos parlamentares para que eles cumpram minimamente seus deveres. Ou eles estariam tentando dar chances a Brazão para escapar da Justiça?

O deputado classificou a velocidade com que o caso estava sendo analisado pela CCJ como um “afogadilho”. Comentário de quem parece não ter mais nada o que fazer...

Marques afirmou ainda que um relatório aprovado às pressas poderia resultar em um texto frágil, que permitisse a soltura de Brazão. “O deputado está preso. Eu não sei qual é a pressa de soltar ele o quanto antes, porque se hoje for votado na comissão, amanhã ele pode ser solto em plenário”, disse, e o relator concordou com o pedido.

Arthur Lira acha que o atraso na votação não prejudicará o andamento do caso, em comportamento típico de quem preside um sindicato, e não uma Câmara de Deputados.

Roberto Duarte ainda defendeu o réu: “Nós observamos na imprensa nacional que não existem provas cabais."

Não surpreende, onde nem o governador do estado ou o prefeito da cidade capital se pronunciaram sobre as operações que prenderam os irmãos Brazão.