Irmãos Brazão mandaram matar Marielle

 

Seis anos e dez dias depois, finalmente sabemos que os mandantes do brutal assassinato de Marielle, que matou também seu motorista, Anderson Gomes, foram os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão. 

Domingos já era citado como suspeito desde 2018, três meses após o atentado. A surpresa maior foi a detenção do delegado Rivaldo Barbosa, em quem Marielle confiava, segundo sua mãe. Não como mandante, e sim como responsável por garantir a impunidade dos Brazão ao travar as investigações. 

E organizar o homicídio. 

Barbosa foi nomeado chefe da Polícia Civil pelo general Braga Netto – então interventor do Rio - em 13 de março de 2018, na véspera do crime. 

Na época, o general demitiu o prestigiado delegado Fábio Galvão, então subsecretário de Segurança, quando este o alertou sobre as relações de Barbosa com milicianos.

Conforme o colunista Lauro Jardim, o delegado Leandro Almada – atual superintendente da PF – fez um relatório reservado, em maio de 2019, afirmando que Barbosa era suspeito de receber propina de R$ 400 mil para atrapalhar as investigações sobre o assassinato.

E trabalhou tão bem que conseguiu empurrar seis anos até que se chegasse ao desfecho final. 

O que teria motivado os Brazão a encomendar o crime seria a busca por regularização de um condomínio em Jacarepaguá sem respeitar o critério de interesse social, pelo qual lutava Marielle. A grilagem de terras na Zona Oeste, como se sabe, foi uma das fontes de renda iniciais dos Brazão. 

O objetivo dos irmãos era obter o título de propriedade para especulação imobiliária. Marielle defendia que o processo fosse acompanhado por órgãos como o Instituto de Terras e Cartografia do estado do Rio e pelo Núcleo de Terra e Habitação da Defensoria Pública do Rio.  

A PF, que assumiu o caso em fevereiro de 2023, optou pela prisão dos três em um domingo de manhã para surpreendê-los, já que eles estariam em alerta desde que a delação de Ronnie Lessa foi homologada. O trio seguiu ontem para a Penitenciária Federal de Brasília. 

Logo que as primeiras informações da delação de Lessa vieram à tona, Domingos Brazão reagiu dizendo que o autor dos disparos devia estar encobrindo os verdadeiros responsáveis pelo crime. E sabemos bem a quem ele se referia...Só que não colou.

O único membro da famiglia citado no relatório da PF, por sinal, é Flávio, por ter nomeado Domingos Brazão para o Tribunal de Contas do Rio. Fora a intensa campanha de Chiquinho Brazão para eleger o capitão em 2022. 

Malafaia também é citado pela PF, porque Roberto Calixto Fonseca, o ‘Peixe’, preso por atuar informalmente como segurança de Domingos, teria recebido dinheiro da milícia em uma das igrejas do pastor, segundo o site Poder360.