Ex-periguete pode chegar ao poder

 

Após os quatro últimos anos, a extrema-direita está de olho no sucessor do inelegível, que seria o candidato se não estivesse interditado pelo TSE. Enquanto cresce um movimento pró Michelle, a ex-primeira-dama, a opinião pública passou a se familiarizar com o termo “Teologia da Dominação”.

Cujo exemplo mais contundente aconteceu no ato de 25 de fevereiro, na Paulista, para anistiar os golpistas.

No dia, a ex-periguete discursou longamente mesclando política à religião e anunciou que seu marido teria sido um escolhido por Deus para construir o “reino” no Brasil.

Algo que fez lembrar o assustador regime teocrata do Irã...

O pastor Malafaia, responsável inclusive financeiramente pelo ato, fez coro: "Por um bom tempo fomos negligentes ao ponto de dizer que não poderiam misturar política com religião. E o mal ocupou o espaço. Chegou o momento da libertação." ‘Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará’, usava o versículo repetido pelo ex-presidente.

Não por acaso, o discurso alçou Micheque a favorita da sucessão presidencial para parte da cúpula do PL. Não contaram , porém, ao maridão, que só aceitaria a mulher como candidata ao Senado ou à vice-presidência, como revelou o colunista Lauro Jardim.

Além de misógino, o mi(n)to não suporta sombras...

E ai da mulher se não obedecê-lo...(imaginem uma presidente do país teleguiada pelas ordens do marido...) 

Enquanto a extrema-direita passeia por essas possibilidades, o professor João Cezar de Castro Rocha, da Uerj, faz um alerta sobre a Teologia do Domínio, tão familiar a Nikolas Ferreira e Malafaia. Ela vem dos EUA e já domina várias igrejas brasileiras, como a do deputado mineiro.

Para Pietro Nardella-Dellova, doutor em Ciência da Religião pela PUC-SP, a Teologia do Domínio propõe “tirar o diabo do poder”. “É preciso dominar o poder político fazendo com que os ungidos do senhor tomem conta do poder político”, lembra ele a citação de Michelle.

Segundo a ex-primeira-dama, havia pactos com demônios presentes no Planalto, “e o senhor ungiu o ‘mito’, o Messias’, batizado no Rio Jordão para libertar o povo”, pinça Dellova da fanática e diabólica montagem narrativa dela.

Apesar de toda a popularidade de Michelle com os evangélicos, entretanto, nem tudo está perdido.

Nova pesquisa do Datafolha mostrou que 69% dos paulistanos não concordam com a associação entre política e religião para trazer melhorias à capital paulista. 55% discordam completamente da ideia e 14% discordam parcialmente.

Embora a laicidade do Estado seja prevista na Constituição, contudo, especialistas destacam o fortalecimento do nacionalismo cristão durante o governo do ex-presidente. Ao qual Michelle tenta dar prosseguimento.