A saga dos 'inocentes' úteis

 


O grotesco espetáculo de depredação das sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023, não foi uma iniciativa popular, e sim da “arregimentação e do suporte direto do grupo” do inelegível, conforme relato da PF ao ministro Alexandre de Moraes.

Nova denúncia da PGR contra a golpista paranaense de Maringá, Shirley Faethe de Andrade, ilustra a informação. Segundo o colunista Lauro Jardim, ela propunha um plano de “investida para tomada de poder, que não teria dia para acabar”, conforme mensagens de texto e áudio no WhastApp.

Shirley pregava a violência abertamente: “Bolsonaro deveria é entrar dentro do STF com uma metralhadora e metralhar todos os ministros, kkk”. Com receituário e tudo: “Preparem as máscaras de gás, pano úmido e água no cantil, spray de pimenta, colete, capacete; bala de borracha não vai faltar”.

E sustentou, depois do quebra-quebra: : “Daqui não sairemos até que seja decretada a GLO. Só sai se o Exército vir. Senão nós vai (sic) preso”. Sorte que Lula não caiu nessa...

Quando a PF fez seu comunicado a Moraes, contudo, os diálogos acima ainda era desconhecidos. A base dos investigadores foram mensagens trocadas pelo ‘núcleo duro’ bolsonarista, no caso, o ex-faz tudo Mauro Cid, e o major Rafael Martins, sobre um ato em 15 de novembro de 2022.   

No dia 11, Cid disse a Martins que as Forças Armadas dariam garantias aos manifestantes em Brasília, cujos alvos seriam o Congresso e o STF. Até a data marcada, os dois trocaram textos de convocação, que circularam entre os bolsonaristas.

Só que todos, como se vê, fazem cara de vítimas ao serem presos e interrogados, como se não tivessem nada a ver com tudo aquilo. Que deve ser o que vai acontecer com Shirley. Talvez nessa hora ela se lembre de que é mãe de família, ou filha de pais idosos, doentes e inocentes...

Claro que não era a sua postura quando ensinava como fazer gás lacrimogênio – com água e vinagre -, ou quando pedia para a turba usar o ‘kit’ dos objetos citados acima. Sem esquecer os óculos e luvas de couro para “pegar a bomba de gás e jogar no galão de água”.

Naquela hora, ela sabia muito bem o que tudo significava, tanto que alertou o grupo de que eles poderiam ser presos. “A luta vai ser pesada”, avisou, talvez achando, no fundo, que o mi(n)to entraria em campo para salvá-los.

O saldo foi ela ter sido denunciada por quatro crimes pelo MPF. E pergunta se o inelegível vai fazer alguma coisa por ela ou pelos 88 que continuam presos pelos atos golpistas?

Comentários

  1. Miguel Francisco Hatzlhoffer
    Por sorte o movimento aconteceu só em Brasília. Os fascistas achavam que seria suficiente financiar só aquele, e que com sorte o movimento se espalharia por outras capitais. Momento histórico em que vimos a democracia ser colocada em jogo, e por pouco não sucumbe. Agora o esperado: tece crime, que se investigue os culpados, que sejam julgados e se condenados, que respondam pelo rigor da lei. Por enquanto só os participantes estão sendo julgados, mas ps organizadores e financiadores também o serão.

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  2. Francisco Assis Antunes
    Cadeia para esses bandidos fascistas

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  3. Aires Oldoni
    Vai sim deixar vcs se lascarem q pena hein ?

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  4. Fernando Vinciprova Dos Reis
    É bom ter em mente o seguinte. As falas da Shirley não fazem sentido pelas seguintes razões: 1) O Lula já era presidente quando os atos do 08 de janeiro foram praticados, de modo que cabe perguntar como a garantia da lei e da ordem poderia favorecer o candidato que perdeu as eleições? 2) Os prédios públicos invadidos e vandalizados estavam vazios e, portanto, indaga-se: Qual seria a eficácia do ato para o fim de abolição violenta do Estado de Direito? Ora, quando o meio é absolutamente ineficaz para produzir o resultado desejado não é correto afastar a hipótese do crime por ausência de causalidade? O Direito Penal não pune mera intenção.

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