A volta das milícias digitais

 

Quando menos se espera, as Milícias Digitais voltam à ação. É o que indica relatório enviado ao ministro Alexandre de Moraes no inquérito que investiga o empresário Elon Musk. A PF afirmou claramente que o X (ex-Twitter) viabiliza a “reorganização da Milícia Digital”.

Isso ocorre quando a plataforma digital permite que brasileiros acessem links para acompanhar lives transmitidas de fora do país por políticos e militantes investigados, segundo o colunista Paulo Capelli, do Metrópoles.

“Vislumbra-se uma reorganização da Milícia Digital dentro dos limites da jurisdição brasileira, com a reativação dos perfis na plataforma X, pela disponibilização aos usuários brasileiros de links para que eles sigam lives transmitidas fora do país pelos investigados”, diz trecho do documento do delegado da PF que toca o inquérito relatado por Moraes.

A PF afirmou ainda que o X também faltou com a verdade ao dizer que manteve bloqueadas as contas de políticos e militantes investigados. Enquanto isso, o empresário Elon Musk, proprietário do X, acusava o STF e o ministro Alexandre de Moraes de ameaçarem a democracia no Brasil...

Ou seja, parece que o que ocorre é exatamente o inverso das acusações do bilionário. A plataforma simplesmente está fazendo o que bem entende, em total desrespeito às determinações do STF e às leis brasileiras.

“Ao contrário da resposta encaminhada pela empresa X, (a polícia) identificou várias contas objeto de constrição judicial, que estão ativas no Brasil, permitindo que os usuários brasileiros da plataforma sigam os perfis bloqueados.”

Além disso, embora não disponibilize os tweets publicados, o provedor da rede social X viabiliza que as referidas contas disponibilizem links para que os usuários da rede social no Brasil e acessem o recurso de transmissão ao vivo ‘live’, para acompanharem o conteúdo publicado pelas pessoas investigadas que tiveram suas contas bloqueadas.

Quer dizer, é tudo uma grande esculhambação.

A análise identificou que o acesso à plataforma ocorria de forma diversa a depender do hardware/sistema operacional usado para acessá-la. Ou seja, caso um perfil específico, como o do blogueiro Allan Lopes dos Santos – que mora nos EUA e é considerado foragido pela Justiça brasileira– fosse acessado por um computador pessoal, a mensagem que surgiria na tela do operador indicaria que a conta estava retida.

"Se o acesso fosse feito pelo aplicativo Twitter instalado em smartphone, sem o uso de VPN, era possível, em 08 de abril de 2024, às 09h16, acessar informações do perfil @allanldsantos, além de segui-lo”, alega a PF.

Prossegue o relatório da PF: “O perfil @tercalivre, também com ordem judicial de bloqueio, ficou acessível pelo aplicativo X em 10 de abril de 2024. No momento em que o print do perfil foi capturado, era possível observar que havia uma transmissão ao vivo”. A ordem judicial, portanto, foi descumprida pelo aplicativo. 

A PF afirmou que usuários do X estariam usando um recurso chamado “Spaces”, uma espécie de audioconferência, para viabilizar que perfis bloqueados participassem das transmissões ao vivo e pudessem ser ouvidos no Brasil.

E assim o X prossegue desafiando as ordens judiciais brasileiras, resgatando um movimento que teve seu auge no fim de 2022, para evitar que Lula assumisse o cargo de presidente. Trata-se de uma voz - a de Elon Musk - que trabalha intensamente para desacreditar o ministro Alexandre de Moraes, não por acaso, o principal responsável que pode levar o inelegível à prisão.

É um estelionatário que invade a nossa soberania.

Domingo, por sinal, o inelegível reuniu em Copacabana só 18% do público do 25 de fevereiro, na Paulista, e metade dos puxa sacos do 7 de setembro de 2022. Escada abaixo. Musk, por sinal, não apoiou o ato do inelegível e nem fez nada para que ele fosse um sucesso.