PL consolida perfil miliciano

Se dependesse do PL – a maior bancada da Câmara, com 95 deputados – Chiquinho Brazão (foto) , mandante do assassinato de Marielle e Anderson Gomes, estaria em liberdade. Foram 70 votos a favor, o que configura o perfil miliciano do partido e do inelegível, seu maior cabo eleitoral.

O capitão carrega há anos essa fama, e para isso motivos não faltam. Como se sabe, orientou seu primogênito a conceder a medalha Tiradentes ao sinistro Adriano Nóbrega, capo do Escritório do Crime. O 01 também empregou a mãe e a mulher do miliciano, assassinado em operação de queima de arquivo pela polícia baiana, em 2020. Entre outros...

Como se sabe, a PF chegou aos mandantes seis anos depois de cometido o crime hediondo, respeitando os ritos constitucionais que envolvem alguém com foro privilegiado. E, por decisão do STF, o deputado foi encarcerado.

Ninho da extrema-direita no país, o PL, antes ferrenho defensor da tese do “bandido bom é bandido morto”, deu uma súbita guinada. Quando o caso envolve um dos seus, torna-se um flagrante caso de corporativismo. Sem falar na posição francamente favorável à milícia.

 Acompanhamos no país – sobretudo no Rio de Janeiro – o assustador poder de infiltração das milícias, que vai das polícias, seu berço, bombeiros ao poder público, empresas de ônibus e até ao mercado financeiro, como reconhece Mário Sarrubo, secretário nacional de Segurança Pública.

Ou seja, vemos o país apodrecer a olhos vistos, como já aconteceu com a Itália subjugada pela máfia. O que assistimos na votação de quarta-feira, portanto, é mais uma expressão deste cenário, e envolve diretamente o ex-presidente. Seu filho, Eduardo, também votou a favor da absolvição.

Conforme o colunista Leonardo Sakamoto defendeu no UOL, o bolsonarismo vendeu a ideia de que o Judiciário não manda no Legislativo. Ficaram implícitos os seguintes recados:

Mandatos servem para acobertar crimes; mexeu com miliciano, mexeu comigo, e quem mandou Marielle ser negra, pobre e LGBTQI+? O eleitor que se exploda! 

Será que começaremos a sentir a repercussão desse quadro na escolha dos candidatos nas próximas eleições?

Ou será que o bolsonarismo e essa extrema direita continuarão a enganar os trouxas?