Golpes em nome da democracia

 

Hoje, pela segunda vez, o inelegível volta às ruas. Agora na Avenida Atlântica, a pretexto de defender a democracia (a qual vivemos agora, sólida e inabalável). Na realidade, o ato é mais uma tentativa de mostrar a Deus e ao mundo que ele merece anistia por suas tentativas de golpe.

Ou seja, já sabe o futuro que o aguarda, na sequência dos trâmites de uma democracia, onde suspeitos são investigados, criminalizados e presos. Dessa vez a bordo de mais uma mentira: as investidas do bilionário Elon Musk contra...nossa soberania e democracia.

No golpe de 1964 (foto) aconteceu algo parecido: os militares tomaram o poder sob o pretexto de defender a democracia. O que se viu, no fim, foram 21 anos de ditadura. Se 30 anos depois iniciávamos um período de paz e prosperidade com o governo de Itamar Franco e 64 parecia um pesadelo do passado, na última gestão a data voltou ao presente.

Com a adesão da extrema-direita – que ressuscitou das cinzas –, dos verde oliva e desse bolsonarismo que teima em nos assombrar. E mais uma vez vai encher a nossa orla mais famosa do verde e amarelo que nos foi furtado.

O capitão deveria ter saído de cena em 2023, desde que Lula assumiu o governo. Nos meus 67 anos, nunca vi um ex-presidente continuar pautando mídia e redes sociais, inclusive essa aqui. É o regurgitar dessa gente poderosa, armada, violenta, que não quer sair da cena recém conquistada.

Nem aqui nem nos EUA, onde podem voltar ao poder.

Chega a ser ridículo o vídeo gravado pelo mi(n)to e divulgado pelo pastor lambe botas, Silas Malafaia – que também não quer perder a boquinha de jeito nenhum -, ao seu exército evangélico, facilmente iludido e manipulado.

“Em defesa da democracia” e o país “está perto de virar uma ditadura”, vai proclamar o ex-mandatário a seus idioters. E, como no 25 de fevereiro na Av. Paulista, recomenda que ninguém leve faixas ou cartazes. E deve deixar a Malafaia a tarefa de atacar o STF e o ministro Alexandre de Moraes.

Essa parte do tripé de uma democracia que não para de incomodá-lo e sua turma acha que deve ser extirpada.

Como um Tiradentes às avessas – e ainda invade mais este território... – vai defender a liberdade de expressão, o que significa mentir à vontade e disseminar o mesmo discurso de ódio saudosista que o alçou ao poder em 2018.