Um Congresso infantilizado e hipócrita
Até quando
teremos de aturar marmanjos infantilizados, que usam o poder concedido
pelo povo para fazer do Congresso um playground de vaidades, hipocrisia
e vingancinhas?
Essa semana
fomos pródigos nesses embates, a começar pela urgência da regulamentação das
redes sociais e pela aprovação a toque de caixa da PEC das Drogas no Senado.
Enquanto
centenas de pretos e pobres penam nas cadeias por terem sido flagrados com
quantidades ínfimas de maconha, Rodrigo Pacheco resolveu peitar a votação do
STF sobre o mesmo tema e fazer média com a extrema direita, para atrair votos
quando se candidatar ao governo mineiro.
Quarta-feira o ministro Alexandre de Moraes reuniu-se a portas fechadas com Pacheco no Senado. Consta que a conversa foi dura, sobre a qual nada sabemos.
Pode ter sido sobre redes sociais, drogas ou o aumento dos milionários salários dos magistrados votado na casa. Como se isso tivesse alguma prioridade diante de temas que afligem tantos brasileiros.
Este último, um
escárnio.
(Isso sem falar na ameaça de Arthur Lira de criar cinco CPIs simultâneas contra o governo...)
Em agosto
de 2015 o STF começou a julgar sobre a aplicação da Lei de Drogas, de 2006, que
pune o porte com medidas educativas e não leva à prisão. E foi em 2009 que o detento Francisco Benedito de Souza, de Diadema, assumiu que eram suas as 3
gramas de maconha flagradas em seu marmitex.
Seu
defensor alegou que ninguém pode ser punido por ser usuário, pois o que seu cliente faz na vida pessoal não afeta terceiros. E o caso chegou ao STF, com
repercussão geral.
Com os
sucessivos pedidos de vista, o processo se arrasta há nove anos, já com maioria
na Corte para apenas distinguir que volume de cannabis caracteriza usuários
de traficantes.
Simples assim:
se alguém é surpreendido com um tico de maconha deve ser preso, para entrar
no exército do crime dos nossos presídios, ou ser tratado pela saúde
pública?
Nesse
ritmo, se justificaria a proibição do álcool e do tabaco, cujos malefícios à
saúde são mais que comprovados e superiores aos da cannabis.
Luiz
Roberto Barroso, presidente do STF, ratificou: “O consumo de drogas no
Brasil continuará a ser ilegal. As drogas não serão liberadas no país por decisão do STF. Legalizar é uma definição que cabe ao
Legislativo.” Em vão.
Queria ver
se Pacheco tivesse um filho nessa situação. O que não ocorreria, como se sabe,
porque quando brancos de classes média e alta são detidos com uma bagana eles não sofrem qualquer tipo de repressão.
Pergunta
que não quer calar: quem fica com a palavra final, o Judiciário ou o
Legislativo?
Essa hipocrisia evangélica nos leva de volta às trevas. Evangélicos não hipócritas, movimentem-se. Mostrem sua cara!!!
ResponderExcluirAntonio Camanho
ResponderExcluirCom isso, seguirão tranquilas as carreiras de cocaína nos Painéis dos Porsches, nas bancadas das corretoras da Faria Lima e nos banheiros do próprio Congresso Nacional. Nessa sociedade hipócrita, pobre morre de bala, rico de overdose, ou melhor, como justificam as 'boas famílias', de mal súbito
Perfeito!
ExcluirJean Schleuderer
ResponderExcluirAs palavras, primeira e última, deveriam ser sempre do Legislativo. E deveria ser a única, em caso do Judiciário, a confrontar a Constituição. Assim funciona a República que sustenta a democracia. Mas qual a representatividade do Congresso? Neste caso, ela expressa o conservadorismo das nossas gentes ou is interesses eleitoreiros dos congressistas? Qual a justificativa para não se poder e dever diferenciar traficantes de usuários de maconha? O que sabem os congressistas sobre maconha? Será que nem quando jovens, num lual, a fogueira, o vinho barato, as estrelas no céu e as ondas no mar eles não chegaram a apertar um?
Como disse o Antonio Camanho, o barato dessa gente está mais para cocaína. Acho que é mesmo uma questão eleitoreira e de hipocrisia
ExcluirPaulo Jose Jaber
ResponderExcluirTem essas coisas que você colocou mas creio que o que tem mais são as vingancinhas. Vingancinhas das mais sórdidas!
E a gente pagando salários milionários pra isso!
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