Meio ambiente tem de ser politizado

 


Uma das vertentes de fake news disseminada durante a tragédia do Rio Grande do Sul dizia que "não era hora de apontar os culpados". A cientista política Gabriela Souza, coordenadora do projeto Clima de Eleição, discorda.

Não por acaso, a desinformação aconteceu quando ativistas passaram a expor políticos favoráveis a pautas anti-ambientais, como o governador Eduardo Leite (PSDB).

Os ativistas acreditam, contudo, que agora que o país vive a calamidade do RS é a melhor hora para botar a boca no trombone. “Se a gente não politizar entramos num lugar sem saída”, defende Gabriela. Isso por que “não tem tomador de decisão, não tem solução, não tem política pública climática”, contabiliza ela na Revista Fórum.

Segundo a especialista, diagnósticos sobre o RS mostram que nos últimos anos governantes desmontaram legislações ambientais, ao invés de se unir aos órgãos de monitoramento e desenvolver políticas de adaptação e mitigação climática.

Estudos demonstram a vulnerabilidade do estado, não só por se localizar no extremo sul do país, exposto às frentes frias que chegam por essa extremidade, como por ser cortado por vários rios. O que ajuda a explicar as consecutivas enchentes de 2020 a 2023, até chegar à calamidade que assistimos agora.

“Apontar o dedo na cara dos governantes é apontar o que eles podem fazer daqui para a frente, porque quem pode fazer alguma coisa é literalmente o poder público”, diz Gabriela.

Sabe-se que Eduardo Leite tem altas ambições políticas, o que deixou claro quando se candidatou à sucessão presidencial em 2022. A cara de bom moço e a coragem de assumir sua homossexualidade estavam a seu favor. Não foram suficientes, porém, para mantê-lo na disputa.

Aparentemente, Leite optou por atitudes bolsonaristas quando patrocinou, por exemplo, o desmonte da legislação ambiental. Manteve um pé na ideologia já desmoronada do PSDB e outra no grupo que se mantém forte, mesmo perdendo as eleições.  

A dura realidade, porém, foi um tapa na cara de Leite. Mais que isso. A não ser que consiga ressuscitar o estado moribundo, terá de procurar outra profissão.

Muitos ativistas climáticos têm esperanças de que agora a pauta ambiental se torne prioritária no debate das eleições municipais. Não só no RS, como em todo o país.

Para a especialista, há uma forte crença no Brasil de que a prioridade são os problemas econômicos e a fome. “Só que as mudanças climáticas impactam em vários eixos da sociedade, a fome, inclusive, porque diminui a quantidade de alimentos e os encarece”, avalia.

 

Comentários

  1. Jorge Lúcio de Carvalho Pinto
    Concordo plenamente; a hora é essa. Há responsáveis e esses tem que ser responsabilizados porque traíram a sociedade

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  2. Joaquim Aragao
    Sim, é hora de impor essa agenda.
    A gestão de desastre não dificulta o investimento e o crescimento. Antes traz a necessidade de diversos serviços de gestão ambiental que trarão recursos para os municípios.
    E nem por isso os municípios deixarão de produzir. Ao contrário, essa produção estará menos exposta a riscos climáticos, e por isso mesmo terá maior valor de mercado.
    A estrutura topográfica das regiões montanhosas são propicias para uma agricultura de produtos de qualidade, que os gaúchos mais do quem ninguém possuem experiência e cultura.
    Já as planícies dos pampas precisam de todo um esforço de reflorestamento, do qual boa parte pode ser industrial, de alto valor agregado.

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  3. Jean Schleuderer
    Apoio, embora - sendo mesmo um chato - sempre com receio de que a politização se limite a identificação de culpados para panfletagem partidária eleitoreira. Vamos seguir lutando contra a fome e o abjeto negacionismo bolsonarista.

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    1. Sim, esse cuidado tem que ser tomado, embora não saibamos se será

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    2. Síndia Bonfiglio
      Concordo. Por muitas décadas o RS., com apoio e liderança do ambientalista Lutzenberger e a AGAPAN, avançou com leis ambientais fortes...desmontadas ao longo do tempo como bem menciona o artigo.
      A sociedade gaúcha já vivenciou a luta que agora é urgente sua retomada.

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  4. Maria Helena
    Mais do que hora de Politizar : E queremos punição para os culpados !
    Se não politizarmos agora ,vamos fazer isso quando ?Quando tudo estiver esquecido e eles forem às ruas pedir votos?🤔
    #NÃOVAMOSNOSCALAR

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  5. Maria Francisca
    Asqueroso 🤮💩🤮💩🤮💩🤮🍌🍌🍌🍌🍌

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  6. Miguel Francisco Hatzlhoffer
    O assunto está latente e as consequências deste desastre ambiental pode ser quantificado (duração, número de pessoas afetadas, custo, etc). Esperar o Rio Grande do Sul sair desta e voltar a normalidade tende a tornar branda as ações de prevenção.

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  7. Eduardo Marçal
    Falta visão estrutural planetária aos governantes...😩

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  8. Nelmo Roque Ten Kathen
    O Milk é tonto e maldoso sem caráter.

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