RS: ciência confirma o óbvio

 


“Quase todas as regiões do mundo registraram eventos climáticos e meteorológicos extremos, de diferentes naturezas”, diagnostica ao Deutsche Welle Álvaro Silva, especialista da Organização Meteorológica Mundial (OMM).

Nem todos são atribuídos às mudanças climáticas, porém, tornam-se mais frequentes e perigosos sob as emissões de CO2, que vêm da queima de carvão, petróleo e gás.

Embora a OMM tenha o cuidado de não cravar que tudo é culpa das mudanças climáticas, é claro que elas aumentam as temperaturas e tornam mais frequentes as ondas de calor. O que se soma às temperaturas mais altas dos oceanos.

Não há como negar os efeitos dessa perversa dobradinha. “Não sabemos mais o que é normal no clima, porque vemos uma tendência crescente de eventos extremos", diz Silva.

E isso não ocorre só em relação à frequência ou intensidade. O que se vê é a duração mais prolongada desses extremos, como ocorre com as chuvas no sul e com o calor no sudeste que faz o outono parecer verão. O que fica ainda mais óbvio quando essas alterações são observadas a longo prazo.   

O grupo francês Laboratório de Ciências Climáticas e Ambientais (LSCE) não deixa dúvidas sobre a calamidade que assolou o Rio Grande do Sul: tudo pode ser atribuído à mudança climática causada pelo homem.

Para Friederike Otto, da World Weather Attribution (WWA) – que investiga o papel das mudanças climáticas nos recentes eventos extremos -, as fortes enchentes ocorridas antes no Brasil já eram ligados às mudanças climáticas.

No caso específico do RS, a catástrofe foi acentuada pela falta de preparação e de infraestrutura para lidar com calamidades como essa. Ou seja, ninguém descobriu a pólvora. As conclusões já eram bastante evidentes.

Junto às mais de 157 mortes, os quase 100 que continuam desaparecidos, e os 600 mil desabrigados, sabe-se que o prefeitura ignorou iniciativas básicas de segurança ambiental, como a manutenção das bombas e comportas que poderiam minimizar os alagamentos, por exemplo.

Isso sem falar no governador negacionista que desmontou as normas de proteção ambiental. E o artigo do DW foi publicado antes de Eduardo Leite admitir à Folha não ter tomado providências contra a chuva que viria "porque havia outras agendas".

Como disse Gabeira, espera-se que a tragédia sirva para o recomeço de uma mentalidade que priorize, em todo o país, a proteção ambiental e que se tenha a decência de atualizar a necessária manutenção de toda a infraestrutura.

Sobretudo nesses tempos tão estranhos.

Comentários

  1. Respostas
    1. José Rios Exatamente. Foi dada a opção para a prevenção, ignorada

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  2. Kelly Ferreira
    Gente a que ponto o RS chegou !
    Foi preciso 3 horas de viagem para levar a bomba da SABESP para fazer a Drenagem Jean Schleuderer
    E olha SABESP foi aprovada para privatização.

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  3. Kelly Ferreira
    Fonte da minha surpresa
    https://oglobo.globo.com/brasil/sos-rio-grande-do-sul/noticia/2024/05/20/bombas-flutuantes-enviadas-pela-sabesp-ao-rs-comecam-a-operar-em-porto-alegre-entenda-como-operam.ghtml

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