Capitão adere ao ataque às universidades

 

Tomei uma aula com os leitores sobre como setores evangélicos interpretam a prosperidade preconizada por Calvino, um dos fundadores do protestantismo. O fato do pastor estacionar sua Mercedes reluzente na porta de uma Assembleia de Deus paupérrima não é vista como furto de dízimo, e sim como seu nobre crescimento material.

Uma total distorção da filosofia protestante.

Recentemente o pastor André Valadão (foto) – outro que não tem a menor vergonha de ostentar adornos de luxo -, líder da Igreja Batista Lagoinha, no Rio, deu seu show de estupidez e ignorância (ou  seria esperteza?), ao tentar impedir que evangélicos mandem seus filhos para as universidades.

“Não manda o seu filho para a faculdade. Vai vender picolé na garagem. ‘Ah, mas eu não criei meu filho para isso’. Você criou para quê? Para ele ir para o inferno? Criou sua filha para virar uma vagabunda, rodada, ou para ser uma mulher santa, digna, de família e cheia de Deus?”, pregou.

E continuou, sob aplausos. “Aí ela tem um diploma e é rodada, é doida”, disse em vídeo viralizado, alvo de uma avalanche de críticas.

Ou seja, crie sua filha ignorante e submissa ao marido. Detalhe: os filhos do pastor estudam em Harvard, nos EUA...

Houve alguém, contudo, que vestiu a camisa do pastor: o inelegível, que cansou de atacar as universidades durante seu nefasto governo. No último sábado, ele fez um contorcionismo para linkar no X uma propaganda do governo sionista israelense ao ensino superior no Brasil:

"Terroristas usando instituições de ensino e como já amplamente divulgados também hospitais e casas de civis inocentes como base? Quem poderia imaginar? No Brasil as coisas não são muito diferentes. Talvez isso explique o alinhamento perfeito do sistema com Lula", afirmou.

Agora fica essa criatura atolada em processos criminais fazendo coro a esse pastor de araque, quando na verdade já deveria estar atrás das grades!  

É longo o histórico do capitão de desprezo pelo ensino superior, sobretudo federal. “Sabemos que, nas universidades, a militância é enorme. É um ‘carnaval’ contra a minha pessoa.”, alegou em outubro de 2022, após bloquear R$ 2,4 bilhões do orçamento da Educação.

Como lembra a Revista Fórum, um mês depois, foram subtraídos R$ 244 milhões das universidades federais e R$ 122 milhões dos institutos em novo bloqueio, que os deixou até sem ter como pagar as contas de luz e água.

De 2019 a 2022 as universidades federais perderam 14,4% de seu orçamento. Enquanto isso, seu ministro da Educação, Abraham Weintraub, disse que havia nas universidades verdadeiras “plantações de maconha”.  

O que hoje já soaria diferente, após o STF ter maioria para descriminalizar o uso pessoal da cannabis. Essa gente hipócrita deve estar estrebuchando...