Tentativa de multar doadores de famintos

 

Depois da PL do Estuprador veio aí outro absurdo: um projeto de lei que pune doações de alimentos à população de rua com uma multa de R$ 17.680. Dá para acreditar? O autor dessa barbaridade é o vereador de SP, o bolsonarista Rubinho Nunes (União), aquele que perseguia o padre Júlio Lancellotti (foto).

A multa seria aplicada a pessoas físicas e a ONGs que descumprissem as regras do projeto. Ou seja, alimentar famintos passaria a ser um crime.

Pode uma inversão maior que essa (só mesmo castigar meninas estupradas com pena maior que a do estuprador) ?

Essa barbárie chegou a ser aprovada em primeiro turno na Câmara Municipal na última quarta-feira e precisaria passar por uma segunda rodada de votações. O texto exigia que as ONGs que doam alimentos pedissem autorização à prefeitura.

Quer dizer que se aparecessem interessados em socorrer os necessitados antes teriam ainda de ter voluntários cadastrados e identificados com crachás e que "promovam a limpeza e zeladoria da área onde será realizada a distribuição dos alimentos, disponibilizando tendas, mesas, cadeiras, talheres, guardanapos e demais ferramentas necessários à alimentação segura e digna" para praticar a boa ação.

 A que ponto teríamos chegado?

 Os moradores de rua, por sua vez, teriam de fazer cadastro prévio na Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social e seriam obrigados a receber as doações apenas em locais e horários agendados pela pasta.

Rubinho justificava sua proposta para "garantir segurança, qualidade e transparência nas ações assistenciais". O vereador afirmou, por nota, que a decisão de suspender a tramitação do texto "tem por objetivo ampliar o diálogo com a sociedade civil, ONGs e demais associações e buscar o aperfeiçoamento do texto para que a finalidade do projeto seja atendida".

Ah bom...

Como pode um político eleito pela população paulistana, cujo salário é bancado por nossos impostos, gastar seu tempo com um absurdo desses? E como pode que seus pares parem para ouvir uma provocação dessas?

Claro que seu alvo indireto era o padre Lancellotti, dedicado às populações vulneráveis. Como não conseguiu criar a CPI contra o missionário, veio com essa crueldade. Para não falar no seu ódio pelo pobres.

O que o Brasil está virando?