Capitão pode ter sido lançado às feras

 

Sabemos que quando Arthur Lira quer barrar algum projeto, cria uma comissão especial. Foi o que aconteceu na última segunda-feira (como na PEC do Estuprador), quando os bolsonaristas acreditavam que o projeto de lei da anistia aos presos do 8 de janeiro seria logo votado pelo Legislativo.

Parlamentares do PL já haviam condicionado o apoio a Hugo Motta (Republicanos-PB) - nome escolhido por Lira para sucedê-lo na presidência da Câmara – , à aprovação da anistia. Pois o presidente retirou-o da CCJ e criou a comissão na véspera de lançar, ontem, o nome de Motta para sua sucessão.

Além de tentar garantir o apoio do PT a Motta, pode ter sido uma estocada no Inelegível - com quem ele havia se encontrado antes de anunciar a decisão – , que se enfraquece a cada dia. Como se viu nas últimas eleições, em que o PL venceu apenas numa capital, Cuiabá.

Até a vitória de Ricardo Nunes em São Paulo é atribuída a Tarcísio de Freitas, que peitou a orientação do ex-chefe, na época indeciso diante da ascensão de Lamarçal.

Com a decisão de Lira, ainda precisam ser definidos os 34 integrantes titulares e suplentes do novo colegiado, bem como o novo presidente que substituirá o deputado do PL e o relator, antes de criado o cronograma para a votação. O que leva no mínimo dois meses.

Lira deixou claro que tal proposta não pode se transformar em “indevido elemento de disputa política, especialmente no contexto das eleições futuras para a Mesa Diretora da Câmara”, embora tenha manobrado para tal, no mínimo ganhando tempo para conseguir a adesão do PT a Motta.

Com isso, diminui a esperança do capitão de que o Legislativo influa na queda de sua inelegibilidade antes do inquérito da PF sobre os atos golpistas chegar ao PGR.

Pelo visto, o outro trunfo do Inelegível para reconquistar sua elegibilidade – a posse dos aliados Kássio Nunes Marques e de André Mendonça na presidência e vice-presidência do TSE, em 2026 – também será tardia para quem já poderá ter começado a cumprir sua pena a essas alturas.

Porque como se sabe aqui, ao contrário dos EUA, presidiário não pode ser presidente do país.