Morte da Teologia da Libertação
O padre
peruano Gustavo Gutiérrez (foto), considerado o pai da Teologia da Libertação, morreu
na semana passada em Lima, aos 96 anos, segundo a Província Dominicana,
ordem religiosa à qual pertencia desde 2001.
Nascido em
Lima em 8 de junho de 1928, Gutiérrez foi uma das figuras mais influentes da
América Latina em Teologia e atuação social. Como se sabe, a Teologia da
Libertação foi um movimento cristão voltado aos pobres, de forte repercussão política em toda a região.
O intelectual, que tornou-se dominicano aos 76 anos, usou essa expressão pela primeira vez em
1968, em reunião da Conferência Episcopal Latino-Americana em Medellín
(Colômbia), para aplicar os princípios reformadores do Concílio Vaticano II.
Em 1971,
publicou o livro “Teologia da Libertação”. “É uma identificação com os homens,
as raças e classes sociais que sofrem a miséria e a exploração, identificação
com seus interesses e suas lutas. E uma inserção no processo político
revolucionário, para anunciar o amor gratuito e libertador de Cristo”,
acreditava Gutiérrez.
Me lembro bem
da importância da atuação dos padres adeptos deste movimento progressista
durante a ditadura brasileira (1964-1985). Eles não só agiram, como protegeram
as vítimas da perseguição pelos militares. Chegaram a morrer por elas, embora
setores da Igreja católica tenham se mantido à parte das prisões e torturas impostas pelo regime.
Leonardo
Boff foi outro ativo adepto da causa no Brasil e ajudou a popularizar a “opção preferencial
pelos pobres”. Assim como Frei Beto.
Quem deu o
golpe de misericórdia na Teologia da Libertação não só no Brasil, como no restante
da América Latina, onde o movimento mais prosperou, foi o papa conservador João
Paulo II, influenciado pelo cardeal Ratzinger.
O então presidente dos EUA, Ronald Reagan - assim como a conservadora Opus Dei -, via na Teologia da Libertação uma ameaça, assim como pretendia abrir caminho à entrada dos pentecostais no Brasil – o que acelerou o crescimento dos evangélicos e decadência dos católicos no país.
O papa Francisco oscilou em sua posição diante do movimento.
O Instituto Bartolomé de las Casas, fundado por Gutiérrez em 1974, disse sobre sua obra na rede X: "Seu trabalho em favor dos pobres continuará a iluminar o caminho da Igreja para um mundo mais justo e fraterno".
Lamentavelmente, porém, a influência do pensamento de Gutiérrez já decaía muito antes de sua morte.
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Lilian Fontes
ResponderExcluirBom texto
Edneuza DF
ResponderExcluirDe todos os lados que se olha, o que menos interessa às religiões cristãs são as pessoas: negros, pobres, com deficiência, em vulnerabilidade. De forma religiosa, se mantém uma casta para conservar o poder, os privilégios e uma visão de mundo elitista. O avesso do avesso do que Cristo pregou, viveu e questionou.
E do que prega a Teologia da Libertação, cuja decadência está direta ligada ao desinteresse dos leitores por esse tipo de texto
ExcluirO capitalismo em sua essência é o grande agente e promotor do desprezo pelos menos favorecidos e a igreja se alia a ele para manter esse status quo milenar. Aliás, a igreja nunca defendeu os pobres e esteve sempre ao lado dos poderosos quando não foi um deles. A História é clara.
ExcluirAirton Genaro
ResponderExcluirPois é, grande parte da população mundial "confunde" crença e religião ... nas últimas décadas os governantes utilizam -se desse equívoco para ludibriar as populações utilizando o Santo nome de Deus em vão... quando chegam ao poder beneficiam as "religiões" e ignoram as crenças...
Exatamente
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ResponderExcluirFátima MELO
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Celina Côrtes , EXCELENTE!
E O PADRE JULIO ? QUANTAS PERSEGUIÇÕES, UMA PESSOA INDESCRITÍVEL E QUE INCOMODA OS #$#$^>7$7🤑
Sim, muito bem lembrado! Ele é um resistente representante dessa nobre linhagem!
ExcluirNelson Chapira
ResponderExcluirO curioso é que o clero conservador acusava os ramos progressistas de provocarem o afastamento dos fiéis.
Pois, ao que parece, foi justamente o afastamento das causas sensíveis para as pessoas que mais sofrem que promoveram o notável esvaziamento da Igreja Católica.
Hoje os conservadores combatem o que resta do impulso progressista, por exemplo, o trabalho de um padre como Júlio Lancellotti, para empurrar as massas no colo dos pastores mercantis, vendedores do "empreendedorismo" ciclista e feijões mágicos para tratar Covid-19.
Exatamente!
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