O desespero do capitão

 

A PF confirmou em relatório final enviado ao STF o que se viu a olhos nus às vésperas do 8 de janeiro: foram constatadas falhas "evidentes" da Secretaria de Segurança do DF, como a "ausência inesperada" do ex-secretário Anderson Torres, que estava de férias antecipadas nos EUA no dia dos atos.

O inquérito em questão apura a responsabilidade de autoridades da capital nos atos golpistas, e inclui o governador Ibaneis Rocha.

Também foi destacada pela PF a "falta de ações coordenadas" e a "difusão restrita de informações cruciais" como "fatores decisivos" para o que foi definido como "ineficiência da resposta das forças de segurança".

"Conclui-se que as falhas da Secretaria de Segurança são evidentes, especialmente pela ausência inesperada de seu principal líder, Anderson Gustavo Torres, em um momento de extrema relevância (...) que contribuíram diretamente para a ineficiência da resposta das forças de segurança", diz o texto.

Foi exatamente o planejado pelos golpistas, sobretudo pelo idealizador dos atos, o Inelegível.

Como se sabe, Anderson Torres, ex-ministro da Justiça do capitão, que viajou para Orlando poucos após assumir o cargo, foi estrategicamente nomeado secretário de Segurança.

O que justificaria tal viagem com os antecedentes ao 8 de janeiro, como veículos incendiados e delegacia invadida em 12 de novembro – dia da diplomação de Lula - e a bomba que explodiria no Aeroporto de Brasília na véspera do Natal?

Enquanto isso, como foi dito aqui ontem, o Legislativo continua se organizando para votar a anistia aos golpistas que fizeram o que seu mestre mandou, e ao próprio (quando já vimos no que deu anistiar os torturadores da ditadura militar).

Segundo a colunista Malu Gaspar, líderes bolsonaristas na Câmara já sabiam que o projeto da anistia só tem 120 dos 257 votos necessários à anistia, “se por um acaso acontecer o milagre de passar na Câmara, não passa pelo Senado”.

Entre tentativas de disfarçar seu desespero, o Inelegível apelou na última quarta-feira, com lágrimas nos olhos (foto):

"Nós não queremos paternidade (da lei da anistia). Eu quero que alguém do PT seja o pai da anistia. Eu gostaria que o Lula tomasse a iniciativa de anistiar, porque eu entendo, com todos os defeitos que ele tem, será que ele não tem coração? Não sabe que quem está preso são pessoas humildes?"

É mole ou quer mais?

Claro que ele não chora pelos golpistas e sim por si mesmo.

Pena que ele não tenha se munido deste mesmo sentimento humanitário quando condenou milhares de brasileiros à morte na pandemia da Covid-19, e chegou ao cúmulo de imitar pessoas com falta de ar nas redes sociais...