A relação bipolar Brasil-Argentina

 

Corre o risco do fio desencapado Javier Milei jogar por água abaixo o documento base previamente discutido pelos líderes do G20, agora reunidos no MAM-RJ. A delegação argentina aguarda uma posição do chefe sobre questões que ele discorda, como a taxação de grandes fortunas.

Também contra a aliança global contra a fome, sobre a qual, ele já mudou de ideia, porém. E, como se vê na foto, o encontro Lula Milei no G20 foi frio e protocolar.

O espalha brasas argentino, defensor do neoliberalismo, também não concorda com a inclusão no documento de temas ligados a gênero e à Agenda 2030, o plano de desenvolvimento sustentável da ONU.

Se Milei discordar da íntegra documento, todo o trabalho desenvolvido até agora terá sido em vão, porque obrigará à Conferência a terminar o encontro sem um documento final.

Nesse caso, qual seria seu objetivo? Transformar a iniciativa em fracasso diplomático para o Brasil e para Lula? Ou apenas marcar presença como voz dissonante, que sabe mais do que todos ao redor, embora seja incapaz de exibir resultados positivos de sua caótica gestão.

Não por acaso, Milei foi o primeiro líder latino-americano a ser recebido por Donald Trump. Como se sabe, a fórmula de ambos – assim como a do Inelegível – é baseada na destruição. De qualquer coisa.

Lema que tem guiado a extrema direita pelo mundo e a cada dia acende um novo sinal de alerta sobre a possibilidade de deflagração de um novo conflito mundial, tão ao gosto dessa gente brutal alimentada pela riqueza de poucos, por teorias armamentistas e pelo desprezo ao social.

Como se vê agora a autorização dos EUA para Kiev usar os mísseis de longo alcance fornecidos por Washington, em resposta ao envio de 50 mil soldados pela Coreia do Norte para lutar com os russos em Kursk, na Ucrânia.

O que espanta, nessa lógica torta do argentino, foi a justiça de seu país ter expedido mandados de prisão a 61 brasileiros condenados por envolvimento aos atos golpistas do 8 de janeiro. Dois deles já presos.

Deixar essa gente livre, leve e solta não seria mais uma agressão ao atual governo brasileiro, e um aceno ao ex-presidente com quem ele se identifica ideologicamente?   

A decisão foi da Justiça argentina, que pode ter conseguido se descolar dos desvarios do chefe, porque a lógica que a move está longe de fazer parte do contexto geral...

O Brasil também assinou ontem acordo para ampliar a importação de gás da região de Vaca Muerta, megacampo subaproveitado pelos argentinos. Para nós, significaria a redução para US$ 8 dos US$ 13,82 gastos por milhão de BTUs com o insumo.

Quer dizer, enquanto esse presidente com comportamento de bobo da corte forja agressões gratuitas ao ‘inimigo de esquerda’ que governa o Brasil, presta preciosas colaborações econômicas e estratégicas aos hermanos...

Vai entender...