CCJ quer retroceder 74 anos

 

Que tal retroceder 74 anos na história? Isso é o que propõem bolsonaristas da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, ao aprovar na quarta-feira a PEC de Eduardo Cunha - condenado por corrupção –, que não mais considera legais os abortos provocado por estupro, risco de vida e anencefalia.

A interrupção da gravidez por estupro ou risco de vida foi legalizada em 1940, e por ausência de cérebro, o que já é uma condenação à morte, em 2012.

O pior é que a votação da PEC nada a teve a ver com Deus – imaginem se Ele obrigaria uma menina de 10 a 12 anos a parir o filho de um estuprador? -, mas com a velha estratégia dos bolsonaristas de desviar a atenção sobre o inquérito da PF.

Mais vil, impossível.

Desde o início da votação mulheres protestavam aos gritos de “Criança não é mãe” e “Estuprador não é pai”. Em vão. Caroline de Toni, a bolsonarista totalmente desconectada dos anseios populares que preside a CCJ transferiu a sessão para outra sala e proibiu a entrada das manifestantes.

Durante a evacuação, as deputadas bolsonaristas passaram a fazer orações em uníssono nos microfones. Hipócritas!

Filme de terror perde.

A mudança foi aprovada por 35 votos a 11. A sorte é que não é uma decisão definitiva, ela ainda terá de passar pelo plenário da Casa, que dificilmente aprovará tal barbárie.   

Elas estavam muito mais preocupadas em preservar o poder do Mi(n)to do que a vida das meninas da periferia que não têm a quem recorrer. Ao contrário das endinheiradas, como elas próprias, que são atendidas em clínicas clandestinas.

E tem mais. A Câmara aguarda a instalação de uma comissão para debater alterações sobre o tal PL Antiaborto. A ideia é equiparar o aborto após a 22ª semana a homicídio. Imaginem essas meninas ainda serem presas depois de fazerem aborto?

Se tudo passar – o que me parece impossível –, o Brasil estará equiparado ao único país do mundo que permite tal aberração: os talibãs (foto) do Afeganistão. É mole ou quer mais?