Inquérito poderia acabar em pizza?

 

Me pergunto o que diria o general Hamilton Mourão sobre as revelações da PF. Além de grande defensor da anistia aos golpistas, o ex-vice presidente do Inelegível radicalizou ao comentar a operação Tempus Veritatis, do 8 de janeiro:

"Não tenho dúvidas de que estamos caminhando para a implantação de um regime autoritário de fato no país. (...) O que se vislumbra nessa onda de prisões e apreensões deflagradas hoje é a intenção de caracterizar as manifestações da população como fruto de uma conspiração golpista".

Pois bem, dessa vez, nem uma palavra sobre a prisão dos kids pretos ou sobre o inquérito da PF. Segundo o colunista Lauro Jardim, o general não retornou às suas ligações e seu único comentário nas redes se restringia ao Dia da Bandeira.

"Hoje, no Brasil, devemos celebrar o símbolo maior da nossa pátria, a Bandeira Nacional! Homens e mulheres do Brasil devem rememorar a dedicação e a bravura dos que nos antecederam", pregou.

Quem te viu quem te vê...na Operação Veritatis, em fevereiro, Mourão, discursou no Senado: “Nem Hitler ousou isso no começo de sua ascensão ao poder”, enquanto pregava uma reação das Forças Armadas ao que chamou de “arbítrio”.

Dessa vez, o general aproveitou seu tempo de fala no Senado para criticar a inclusão dos militares nos cortes do governo. “A vida militar é repleta de sacrifícios pessoais”, lamentou-se. Não quando arquitetam golpes para se manter no poder...  

O cinismo também contaminou o general Braga Netto,  auxiliar direto do capitão e seu candidato a vice em 2022. Ele negou qualquer reunião em seu apartamento para tratar de golpe (muito menos de assassinatos...).

A tal criatividade atribuída a “à equipe para me denunciar”, conforme comentário do ex-presidente, se encaixaria como luva no ex-faz tudo Mauro Cid, que descreveu a sala da casa do general onde ocorreu a tal reunião, quem estava sentado onde e qual era o cenário naquele dia.

Como se sabe, Cid ficou por um fio de perder as vantagens de sua delação premiada após as novas revelações obtidas por tecnologia israelense em seu celular. Só que após três horas de conversa, cara a cara com o ministro Alexandre de Moraes, o militar deve ter entregado o ouro ao bandido.

Porque sua delação foi mantida.

Pelo visto, a maior especialidade de toda essa gente são as fake news. A sorte deles é que o PGR Paulo Gonet vai levar ao menos três meses para ler o calhamaço de 800 páginas sobre os 37 acusados (para que tanta gente?). E o STF só começa a julgar no primeiro semestre de 2025.

Quando os ânimos já terão esfriado e poderia sair daí a imensa pizza prevista pelo historiador Daniel Aarão Reis...