Acelera o tic tac para prisão do Inelegível

Quem diria que o dinheiro escondido em sacolas de vinho - proveniente do agro ogro -, seria a gota d’água para a prisão pela PF do general Braga Netto ontem, em seu apartamento em Copacabana? As provas já se acumulavam. Porém, todo cuidado era pouco para não cometer algum excesso...

Talvez o general da reserva, mineiro de BH, 67, tenha se encantado com as belezas do Rio e as mordomias que passou a conviver desde sua atuação como interventor da Segurança no Rio, no governo Temer, quando a cidade assistiu, pasma, ao brutal assassinato de Marielle e Anderson.

Do qual ele sempre tirou o corpo fora, como se não tivesse nada a ver com aquilo, apesar de manda chuva da Segurança.

O militar foi preso por sua relevante participação nos atos golpistas – ele era o “cabeça”, segundo um investigador-,  devidamente comprovada. A decisão, do ministro Alexandre de Moares, resultou das tentativas do general de "obstruir as investigações", e de outro punhado de rastros.    

Outra causa, contudo, não contabilizada na ação da PF, foi o inquérito que fez Braga Netto desistir de sua candidatura a prefeito, antes de ser escolhido como vice do Inelegível na chapa que concorreu à presidência, em 2022.

O tal inquérito esteve sob sigilo até maio, e versava sobre o envolvimento do general na compra de 9.360 coletes a prova de bala de uma empresa na Florida, na época da intervenção, por US$ 50 milhões (ou R$ 200 milhões, que hoje seriam muito mais, com esse dólar turbinado pelo mercado financeiro). Os coletes nunca foram entregues.

Os auditores que investigaram o caso foram à Flórida e constataram que a fábrica de coletes sequer existia. O assunto foi resolvido pelo governo do capitão, que fez o estorno contábil do pagamento e cancelou o contrato após negociação comandada por Braga Netto com a fornecedora CTU Security.

(Algo jamais contestado pelo justiceiro mercado financeiro...)

E a história não para por aí...O caso já estava esquecido quando Antonio Emmanuel Intriago Valera, um dos sócios da CTU Security – o Tony Intriago -, foi acusado de contratar mercenários para assassinar o presidente do Haiti, Jovenel Moïse, em 7 de julho de 2021.

Intriago desapareceu. Enquanto investigações pelos EUA relacionaram militares brasileiros à CTU Security, ao encontrar os vestígios do negócio milionário dos coletes comprados na gestão de Braga Netto.

Ou seja, a tentativa de golpe de Braga Netto não vinha só de suas convicções anti-comunistas - embora o governo Lula nada tenha de comunista. Era mesmo para encher o bolso, o que começou a se tornar viável com os salários milionários pagos aos generais. Tudo para atrair os ratos ao poder.

Agora, o general pode optar por uma delação premiada se seu aliado o atirar às feras – ao menos essa segunda alternativa é muito provável. O que pode encurtar bastante o tempo previsto para o capitão ir parar atrás das grades...