Falha a estratégia de afastar Moraes

 

Como se sabe, o Inelegível bate na tecla de que o ministro Alexandre de Moraes não pode julgar o inquérito dos atos golpistas, por ser parte envolvida pela ameaça de morte que sofreu. De minha parte, alheia às normas jurídicas, até preferiria que a condenação viesse do pleno do STF.

Para não dar nenhuma margem a contestações.

Os escolhidos do capitão – Kássio Nunes Marques e André Mendonça – estão na segunda turma. A primeira, que vai julgar o caso, tem Flávio Dino, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Luiz Fux, do mesmo time de Moraes.

Uma vez o renomado advogado Nilo Batista, ex-vice governador de Leonel Brizola, me falou de sua preocupação com a onipresença de Moraes. Só que ninguém conhece o tema tentativa de golpe como ele.  

Fora a coragem que salvou nossa democracia.

Os advogados do capitão estão em sua segunda tentativa de tirar Moraes do caminho e o julgamento pelo STF acontece hoje. A primeira já fracassou. E há uma forte razão para isso.

Em dezembro de 2023 a corte alterou seu regimento interno. Com isso, passou a permitir que ações penais e denúncias fossem julgadas por grupos menores, e não mais pelo pleno.

“O que representou, por razões de celeridade e funcionalidade a medida adequada”, defende o ministro aposentado, Celso de Mello, no Globo.

Claro que o Mi(n)to quer distância de Moraes – a quem autorizou o plano de assassinato pelos kids pretos, conforme o inquérito da PF -, por saber que o ministro conhece profundamente suas tramoias e não é homem de arregar (como ele mesmo é).

Pelo regimento do STF, portanto, as ações penais ficam a cargo da turma integrada pelo relator: Alexandre de Moraes.

E o Inelegível – que já fareja o cheiro da prisão – que se prepare. O general kid preto Mario Fernandes (foto, com o ex-chefe), preso não só pela tentativa de golpe, como pelo plano de assassinar Lula, Alkmin e Moraes, cogita fazer uma delação premiada que poderá comprometer ainda mais o ex-líder, assim como o general Walter Braga Netto.

O militar teria se irritado com a estratégia do ex-presidente de atribuir o golpe não para beneficiar a si, e sim aos militares que planejaram a ruptura democrática. 

O hábito do capitão de jogar seus aliados aos leões pode se voltar contra ele, justo agora, em que todos lhe viram as costas e ele mais precisa de socorro...