Lista de espera

 

Após a prisão do general Braga Netto quem seria o próximo candidato a ver o sol nascer quadrado? Antes do Inelegível, a lógica indica outro general, o Augusto Heleno, também apontado pelo inquérito da PF como mandante do golpe.

Esperto como é, mesmo com sua expressão de mosca morta, Heleno já prepara uma saída para escapar da justa: vai argumentar que ele foi obrigado a sair de cena após a entrada do Centrão no espaço político.

Sua marchinha, mais ou menos dessa época – “Se gritar pega Centrão, não sobra um, meu irmão", ainda é lembrada, após seu improviso num encontro do PSL. Seria uma tese humilhante, de quem enfia o rabo entre as pernas, porém, o que importa o orgulho numa hora dessas?

O fato é que a PF já classificou o ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) como um dos líderes da organização criminosa (OrCrim) golpista do Inelegível. O que não surpreende, para quem já treinava golpes desde os tempos em que foi ajudante de ordens, o Mauro Cid do general linha dura Silvio Frota.

Como se sabe, responsável por barbáries como a bomba do Riocentro – que pretendia matar os milhares de estudantes no local, a sequência de bombas que estouraram nas bancas de revista até a que matou D. Lyda Monteiro, secretária da OAB 

No relatório encaminhado ao STF e à PGR, a PF define o general como braço direito do capitão, que "atuou de forma destacada no planejamento e execução de medidas para desacreditar o processo eleitoral e subverter a democracia”.

"O nome de AUGUSTO HELENO, na posição de liderança máxima da estrutura organizacional do gabinete, demonstra aderência e ciência do investigado a ideias radicais do grupo militar engajado na tentativa de Golpe de Estado", acrescenta a PF, segundo a Revista Forum.

De fato, Heleno gostava de se gabar por fazer o elo do ex-presidente com o informal Partido Militar Brasileiro (PMB), movimento sem personalidade jurídica integrado por saudosistas da ditadura. Agora, porém, ele pretende mudar de tom, como se tivesse perdido o comando. Difícil crer...

A tese é respaldada pelo colegas de farda.

E um dos argumentos será a marchinha “Reunião de Bacanas”, citada acima, de Ary do Cavaco e Bebeto Di São João, sucesso do grupo Exporta Samba em 1981.

Ele sabe que a letra agora é “Se pegar pega ladrão não sobra nem o capitão”. E se a justiça se confirmar, Heleno – que aparentemente não foi alvo de nenhuma nova delação do ex-faz tudo Mauro Cid, como a que acelerou a prisão de Braga Netto -, deve ser o próximo, seguido do ex-chefe.