Polarização vai ao auge

 

Quando temos a ilusão de que a polarização poderia arrefecer, esta semana assistimos ao que há de mais extremo no cenário político. Para começar, a cirurgia de Lula gerou as reações mais inacreditáveis. Na terça-feira, um homem não identificado invadiu o Hospital Sírio- Libanês, onde o presidente está internado, e gritou:

“Um bicho que demora a morrer é ladrão”.

No mesmo dia, ainda antes do segundo procedimento de Lula, Flávio, você sabe filho de quem, provocou nas redes sociais: “Primeiramente, viva o SUS! Comentários aqui, por favor”, como se seu pai tivesse passado por perto da rede pública em alguma de suas internações.

O comentário desencadeou discursos de ódio dos bolsonaristas, como “SORRIA! O Lula teve um derrame e tá pra MORRER!”. “O cara teve um derrame, será que ficará mais sequelado do que era?”, e daí para pior.

Como se sabe, o mercado também reagiu com otimismo à possibilidade de Lula ter de encurtar seu mandato, após o anúncio de que ele seria submetido a uma segunda cirurgia. O Ibovespa subiu 1,06%, o dólar baixou para R$ 5,96 e ontem os juros futuros encerraram o dia em queda.

Só que nosso presidente, duro na queda, continua a reagir da melhor forma possível aos procedimentos que sofreu para drenar uma pequena hemorragia, causada pelo tombo que levou no banheiro. Bem como à embolização das artérias meníngeas, para evitar novas hemorragias.

E, para desgosto dessas aves de rapina, Lula está "neurologicamente perfeito", segundo o neurologista Rogério Tuma, e deve ter alta na próxima segunda ou terça-feira.

"Painho continua vivo e trabalhando e o verme em decomposição está inelegível e a caminho da Papuda", circulou nas redes a mensagem do outro front.

Desse mesmo lado, manifestantes convocados pelas Frentes Brasil Popular e Povo sem Medo encheram as ruas do país (foto em SP) sob o apelo: “Sem anistia aos golpistas”, também na última terça-feira. Com faixas e cartazes, eles pediam ainda a prisão do Inelegível.

O ato também buscou a redução da jornada de trabalho sem redução de salários; a valorização do salário mínimo e das aposentadorias; a taxação dos ricos; garantias de investimentos em Saúde e Educação e retirada do PL do Estupro, entre outras demandas.

No Rio, um dos participantes da manifestação no Largo da Carioca era o deputado Carlos Minc (PT-RJ), que discursou sobre sua prisão e tortura durante os anos de chumbo: “Trago no corpo as marcas da tortura. Eu vi mulher grávida levar chute na barriga para que seu marido confessasse”, foram alguns dos recados que passou aos mais jovens.

De minha parte, continuo convicta: Sem anistia aos golpistas e, principalmente, ao capitão!